Textos

A MAÇÃ DO MUNDO NOVO
A MAÇÃ DO MUNDO NOVO
Marília L. Paixão

Acabei de ler um texto da Vivi Saraiva sobre casinhas com pés de maçãs e não resisti.
Aqui vou eu falar também das maçãs e diretamente da que mais me enche de saudade.
Não tem como eu não falar da Big Apple. Pois maçãs depois de adulta me levam a ela.
E Nova York me faz sentir no mundo inteiro.

Talvez, Vivi, as maçãs dos nossos desenhos infantis tiveram origens das revistinhas do Walt Disney. Ou talvez aparecessem muitas maçãs na sua casa ao contrário da minha. Na minha casa as maçãs eram das revistinhas Tio Patinhas, Pato Donald, Margarida, Três Patetas e manda entrar o Huguinho, Luisinho e Zezinho. Professor Pardal e tudo aquilo. Margarida e o primo...

Minhas maçãs mesmo começaram em Nova York pelas bancas de frutas de Queens e Manhattan. Nas casas das minhas irmãs casadas, nas camisetas dos emigrantes, dos turistas, dos vendedores ambulantes e pelas esquinas Nova Yorkinas. Estava sempre lá na década dos oitenta: I love the big apple. E quanto mais eu andava pela Broadway, quanto mais cruzava a Times Square, mais camisetas da big apple apareciam, pois é!

E se formos folhear os roteiros turísticos de New York, se formos lá buscar bem fundo a história da cidade, descobriremos que antigamente Nova York era a cidade dos pés de maçãs. E quando os cantores de Jazz passaram a vir para Nova York e ajeitavam suas vidas, eles chamavam novos companheiros e diziam: Venham! Há maçãs para todos! E as pessoas iam mudando para lá e vivendo das novas oportunidades que a cidade das maçãs oferecia. As maçãs iam simbolizando uma vida mais bonita...

E assim foi se espalhando a fama de I love New York, I love as maçãs que New York tinha para cada um... Voltando a minha infância, Vivi, também me fascinavam as maçãs do amor que eu via nas festas de julho, nas exposições agropecuárias. Aquelas maçãs caramelizadas de vermelho tão vivo... Um vermelho bonito brilhante. Pareciam maçãs de dias especiais. Mas eu teria que escolher... Se pedisse uma maçã daquelas não teria nenhuma volta na roda gigante e lá de cima da roda, Vivi, eu via um mundo mais brilhante... a maçã do amor, Vivi, eu deixava apenas para a paisagem do olho. Muitos anos mais tarde, em Nova York, a maçã passou a ser o meu tesouro. Aquela era a maçã do mundo novo.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 22/06/2008
Alterado em 22/06/2008
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


Imagem de cabeçalho: inoc/flickr