INCERTEZAS E IMPORTÂNCIAS DA VIDA
INCERTEZAS E IMPORTÂNCIAS DA VIDA
Marília L. Paixão
A delicadeza dos toques e a forma como me abordou foi ímpar. Deixou-me reinar como se eu fosse uma mestra costureira e você um simples botão da camisa. Depois como se o botão fosse o sol e eu uma planta precisando de água, recuperou sua pose de rei e eu passei de mestra à sua posse preferida ainda bastante aturdida. Apenas sabia que daquele momento em diante já não me importaria de nada ser rainha para apenas ser tua em mais um dia belo.
Depois veio a noite escura. O sol distante descansava em seu horizonte calmo e descansar era a única coisa que podia. Pois iniciado e terminado já tinha o reinado. No amor você se comporta ou nunca mais retorna à terra do reino. Dormir é um belo e recomendado descanso.
De qualquer forma, parecia que vinha um barulho da porta. Numa noite negra é melhor não desaperceber barulho nenhum. Senti-me praticamente atraída e arrastada até a porta da sala. Era um barulho leve, mas era sim um novo barulho na porta. Parecia que eu poderia morrer sem saber o que era. Mas se havia a possibilidade de morrer, escolhi por morrer vendo.
Abri totalmente a porta com o mesmo tanto de curiosidade e medo. Ou eu viraria uma mulher maravilha ou eu morreria vendo o que seria quem batia o que é que queria. Mas na vida real não penso assim. Na vida real eu jamais abriria mesmo se fosse de dia sob um sol de meio dia se eu não soubesse quem era e o que queria.
Seria os efeitos da noite ou seria sonho? De onde vinha aquela coragem? Seria script de um filme que ainda não vi? Deixo para você descobrir enquanto ao abrir a porta Dagger pula sobre mim gelado de medo e penso que seria pela negritude da noite ou o que será que seria? A verdade é que ele nunca pula em mim e parecia querer ficar grudado. Sequer tive tempo para lhe olhar olho no olho e uma sombra tão escura como o apagar de luzes no cinema também se apoderou do meu corpo.
Graças a Deus foi tão rápido e pude logo ver que se tratava de uma enorme pedra que deveria ter rolado de alguma montanha. O que vinha me dizer aquela pedra parada a poucos centímetros de mim? Viriam outras? Era este o pavor de Dagger? Esqueci de dizer que no instante em que a sombra cobriu meu corpo senti que ele havia se escorregado pelas minhas pernas até o chão.
Será que ele pensou que já era o fim? Será que pensou que eu perderia a casa nova, minha felicidade e todas as minhas histórias? Será que isto é para eu pensar nas pessoas que perdem tudo com os tremores de terra? Não só as pessoas em países distantes, mas também as tão próximas sejam com inundações ou crateras, seja com acidentes da Tam ou outras mazelas?
E essas pessoas ficam só com as sobras das dores não só das posses, mas dos perdidos amores? Como é que passam a viver essas pessoas que parecem tiradas do túnel do tempo em que poucos motivos parecem ter lhes sobrado para viver? Me curvo diante esses pensamentos e toco Dagger no chão. Você é muito amado querido: Não vivo sem você não! Como se bastasse levá-lo pra dentro e salva estaria a minha felicidade.
Como se bastasse o medo da grande perda para que confessássemos nosso amor de verdade. Devemos aprender a fazê-lo enquanto em conjunto desfrutamos da vida. Essa sim pode estar por um fio como uma sombra da noite ou um raio de um novo dia.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 23/08/2008
Alterado em 23/08/2008
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