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PEDALANDO CONTRA O VENTO
PEDALANDO CONTRA O VENTO
Marília L. Paixão

A tarde prosseguia quente e tive que abandonar o computador por ter chegado à hora da moça limpar meu canto. Levantei com minhas cordas vocais e tudo! Rs. r.s.. Como ainda era cedo para eu preocupar com as aulas da noite fui até a garagem e vi lá a bicicleta da moça. Voltei para o meu canto com voz e tudo e perguntei: - Posso dar uma volta na sua bicicleta? Parecia que ela não tinha entendido. Repeti: - Posso dar uma volta na sua bicicleta? – Claro Marília!

A volta foi rápida, pois a rua era meio morro acima e meio morro abaixo, mas não morri.
Para falar a verdade, quase que morri. Mas essa é a rua mais plana perto da minha casa. O morro mesmo de matar a gente de cansaço, fica um de um lado do quarteirão e outro do outro. Estou cercada de morros e morrendo de felicidade. Vai entender essa vida!

Antes de voltar para casa andando de bicicleta debaixo do sol das quase quatro horas decidi que era isso! Iria comprar uma bicicleta. Aquela volta era só para testar a rua e como a rua ao pedalar estava me fazendo com certeza transpirar, então eu precisava pedalar todo dia. E mesmo se eu não fizesse todo dia eu pelo menos poderia cumprir uma promessa que tinha feito ao Dagger antes dele ter desaparecido. Na ocasião ele estava tentando aprender a voar e estava me dando muito trabalho eu disse que qualquer dia o ensinaria a andar de bicicleta. A promessa tinha ficado ao vento. Não tinha dado tempo.

Uma vez num de seus desaparecimentos ele tinha sumido por dois dias. Então eu disse. O que houve com você?! Por onde você tem pulado? Ele disse que não estava pulando, que estava voando. Depois disso por mais que eu tenha lhe dado conselhos ele um dia desapareceu por meses. Tadinho! Ele tinha se perdido. Foram meses de sofrimento até que ele apareceu depois que eu já tinha descoberto o recanto. Foi num site português que ele finalmente me encontrou. Com certeza ele já tinha me procurado muito. Procurando por ele foi que eu escrevi o texto: Os comedores de biscoitinhos da mata. (Infantil)

Quando foi a noite ao telefone com a mesma amiga da onça que foi comigo na loja do queijo eu falei:
- Vou comprar uma bicicleta!
- Tolice! Depois você vai acabar dando para os outros como fez com a outra.
- Mas essa eu não vou dar! Essa eu vou usar bem!
- Mas a outra ficou quase dois anos parada e você não pedalou nada!
- Mas eu morava na rua mais movimentada da cidade, sem falar nos sete degraus de escada.
- Sei não! Acho que será outro dinheiro jogado fora. Eu prefiro gastar o meu no salão!
  Por que você não faz academia?!

Desliguei o telefone e debrucei na janela. Dagger lá fora parecia que fazia uma festa. Pisquei para ele e ele pulou para mim. Eu compraria uma bicicleta sim!
Agora se você quer um texto sério e riquíssimo eu recomendo a leitura de OS DEDOS, de Cláudio Pinto de Sá. Vale a pena conferir! Melhor que pedalar contra o vento!
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 28/08/2008
Alterado em 28/08/2008
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