O MUNDO PRECISA APENAS DE DOIS OLHARES
Marília L. Paixão

Um para todas as pessoas e outro para todos os lugares. Em 2001 olhamos as torres Gêmeas que no final nos pareceram tão pequenas em seu tão quente fim. Para muitos não passou de o fim de uma era, de um basta de tanto poder, mas o que significou para mim e para você?

Se eu fosse olhar todos os significados eu guardaria todas as minhas letras hoje. Não correria o risco de blasfemar banalmente enquanto tantas almas escolhidas ao acaso descansam diante os seus que até hoje choram, no entanto eu me sinto muito melhor me expressando que me calando ao sentir ano após ano um tipo de dor diferente sempre que a memória me cerca.

Quanto às blasfêmias inauguro as de hoje com o dedo quase queimado pela desobediente cafeteira. O que seria queimar um dedo se eles se queimaram todos, parte por parte até sentirem torrar o coração? Quantas vezes pediram socorro? Quantas tentativas de se libertarem do fogo? Quantas escadas encontraram e as avistaram como se fossem a maravilhosa saída?

Aguardem um pouco. Estão chegando os passarinhos. Onde será que possuem seus ninhos? No onze de Setembro aqueles pássaros que tinham ido trabalhar não mais voltaram para o lar e muitos bebês passarinhos estavam para chegar.

São tantos os ninhos que ficaram a revelia. Quantas pessoas nunca se recompuseram? Quantas pessoas ainda se desesperam? O que faz falta para uma humanidade, mesmo cada ser vivendo em sua cidade?
O mundo precisa apenas de dois olhares.