MAS EU SÓ PENSO NELA
Marília L. Paixão

Sossega Dagger!
Não consigo me concentrar com você pulando.

- Pare com isso!
  Parece que algum bicho te mordeu.
- Bicho não me morde.
- Às vezes me esqueço disso, mas então pare de ficar pulando.
- È que eu quero fazer coisas.

- Que coisas Dagger?!
- Coisa igual àquela moça vai fazer.
- Que moça?! E desde quando sapo imita moças?

- Eu quero fazer perguntas para as pessoas.
- Impossível Dagger! Primeiro você tem que crescer e virar gente...
   ah! Tá com inveja da Malu por que ela vai entrevistar a Zélia Freire?!

- Não! Já to cansado de distribuir santinho para ela.

- E quem você ia querer entrevistar, Dagger? Aliás, quem você ia querer assustar?
  Ninguém iria te responder nada, Dagger. Alguns poderiam até tentar te matar.
- Mas e se eu escolher uma pessoa assim...
  Uma pessoa...
  Quem sabe uma...

- Desde quando você gagueja, dagger?!
- Eu não es-to-u gaguejando, eu estou pen-san-do.
    Acho que eu esqueci o nome dela.

- Neste seu devaneio dagger, é melhor que escolha um homem, pois eles não te matariam depois que levassem um susto com você.
- Mas e se eu escolhesse aquela moça...
- São tantas moças aqui no recanto Dagger!

- Aquela que disse para você escrever aquela carta para mim.
- Pensa bem! Ficou louco! Se você desse um pulozinho de nada perto dela ela ia subir correndo uns dez morros! Pense em outra pessoa, Dagger. Um homem!

- Mas eu só penso nela.