Textos

HOJE SOU PURA TOCHA
HOJE SOU PURA TOCHA
            Marília L. Paixão

Hoje estou cansada. Cansada de juntar letras. Estou cansada de errar com todas elas. Hoje vou espalhar letras. Espalhar como desejaria espalhar você. Cabeça para lá e pernas para cá. Separaria as partes do corpo que mais gosto e descartaria as que poderia ficar sem pelo menos hoje.

Estou cansada de escrever nomes, de fazer brilhar nomes, de realçar nomes e sentir o meu diminuindo como num céu escondido. Estou cansada da injustiça humana tão bem armada. Estou cansada do meu próprio cansaço e nem com ele morro, pois ainda não subi todos os morros que me compete ou me apetece.

Hoje estou mais para uma música, ou duas músicas ou qualquer música boa enquanto tomo as cervejas que consegui gelar. Hoje se desejar citar algum nome citarei só o do Nilsson que é bem ligado em música e me perguntou sobre meu outro texto. Está deletado, querido! Bem deletado, mas não em minha alma sinfônica. Nela guardei alguns nomes tipo o seu.

Hoje ouvi Nirvana, ouvi Alanis e não sei mais o que desejarei ouvir. Mas para quem não conhece Alanis vai um pedacinho de uma letra dela aqui: What are you? My air? You touch me like you are my air.
(O que você é? Meu ar? Você me toca como se fosse meu ar.) Por quanto tempo uma garota pode ser ameaçada por você? ( How long can a girl be threatening by you? )

Hoje estou mais para coisas assim. Hoje não estou alta e nem baixa e nem ontem estava.
Ontem eu estava tentando escrever algo diferente por que tem sábado que é dia morno. Hoje estou em um domingo seco e não desejo falar de Obama, mas leio com prazer. Hoje estou sem página, sem mágica e sem nada. Hoje sou pura tocha e se bestar sai fogo. Nem adianta rir que todo mundo é assim! Quem nunca pega fogo está sempre provando de água fria. E com certeza já provou de banho frio no inverno.

Eu já provei de quase tudo que é puro. Me aturo, aturo leitores que nem sempre me entendem. tento escrever um pouco de todo mundo exatamente como cada um é. E cada vez descubro que cada um é quase igual ao outro mesmo não querendo ser. Somos um meio nada em meio a tudo.


Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 09/11/2008
Alterado em 09/11/2008
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