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ANA EM TERRAS ERRADAS
ANA EM TERRAS ERRADAS
Marília L. Paixão

Ana estava muito pensativa. Aquela vida urbana bem que para os outros poderia parecer bacana para ela era muito agitada. Os jornais ofereciam kit turístico incluindo até o show da Madonna. Ana pensou que de jeito nenhum ela iria num show grande como aquele e menos ainda numa cidade tão grande em noite de estrela como aquela.

Nos sonhos de Ana ela queria brilhar sendo ela mesma. Numa história de cinderela ela não queria ser a boazinha moça trabalhadeira. Talvez Ana preferisse aquela história da feiticeira ou da Jeannie é o gênio. Se imaginar Madonna já seria contemporâneo demais. Ana não se imaginava praticando Ioga, pilates, passeando de scooter e dançando formosuras.

Ana também nunca se imaginaria inundada em Santa Catarina. Mas como o dia não era um dia branco Ana até pensou em pedir emprestada a vassourinha mágica da Bruxa Onilda. Ela passearia voando por alguma cidade brasileira. Mas qual? Ia querer uma com menos desgraças alheias. Mas qual? Se não tivesse uma boa ela devolveria a vassoura.

Ana ficou sabendo que o Garfield tinha completado 30 anos de idade. 30 anos de sucesso por um mundão de cidades. Um gato preguiçoso e tão bem de vida. Se ele venceu assim o Simpson também venceria e jamais aposentaria como certos seriados americanos. E olha que apesar de muito reclamar este não deixa de trabalhar. Ana continuava a meditar, mas também sabia que não se casaria com nenhum escritor tão bom quanto o de o caçador de pipas. Mas Ana precisava da sua cidade do sol...

Finalmente o presidente Bush, ocupante do maior cargo do mundo, se despediria. Ana nunca se imaginaria num cargo deste nem como parente distante da primeira dama. Mas que papo foi aquele da possibilidade de colocarem as meninas do Obama em escola pública?!Elas não teriam que pagar por desafios dos adultos, elas que por hora e vez são apenas as novas estrelinhas merecendo ternuras.

Por tudo isso Ana acha complicada a vida urbana e prefere se refugiar em terras altas. Lá ela não precisa de vassoura, nem para varrer o chão, ou palavrinhas ou palavrão. Das terras altas Ana observa o amor e a alegria que pelo rio passa, mas quando de repente ela começa a ver cama, colchão, carro e fogão boiando, ela acha que está em terra errada.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 05/12/2008
Alterado em 05/12/2008
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