MAS E SE NOS FALTAR O AMOR? (VÍRUSFOBIA)
MAS E SE NOS FALTAR O AMOR?
Marília L. Paixão
Não quero prosear mais e também não quero não morrer, não quero esquecer. E se escrever sobre o morrer ou esquecer, deve ser por eu ter esquecido de dizer para mim mesma que morrer não gostaria a minha alma mais ou menos sozinha. Nunca vazia!
Não quero falar sílabas mínimas ou múltiplas de significados quando nem estou dormindo e nem estou acordada. E quando sonho, sonho que há um lençol do lado caso eu sinta frio. Que há uma janela para eu abrir no quarto ao lado caso eu precise de vento.
Assim se a manhã começa e termina na tarde esperando a noite, significa que tenho mais um dia. Mas para que servem os dias? Para que os cafés? Para que tantas linhas? Todos os degraus seguem para cima. Preciso não olhar para baixo ou para o chão. Preciso sufocar parte da solidão, do desconforto e da ilusão, e talvez até acreditar mais na bondade alheia.
Há dias em que o ser não crê em nada. Neste dia o ser se mata para não matar ou apenas blasfema. O seres que atualmente não morrem sem levar outros junto. Esses seres são os desta geração aflita. Querem tudo no mesmo segundo. Matar ou viver não depende mais das horas. Da mesma forma eles vêem o amor. Pensam que a primeira namorada ou a melhor ficada tem que ser eterna propriedade. Não existe o namoro com suas delicadezas em jogo. Não existe respeito pelo sentimento do outro. O sexo rola primeiro que o amor e a coisa boa acabou. O sentimento carnal é muito possessivo para os jovens iniciantes do amor.
Passa a existir a fúria pelas criaturas e por isso sacrificam até crianças consideradas incômodas. Pode ser um bebezinho irmãozinho ou filhinho. Pode ser um idoso ou quem mais estiver por perto. Estão fazendo do amor um escudo fora da realidade. O amor tem cada vez feito mais vítimas pela cidade. Desde muito tempo amar uns aos outros não significava isso.
Devemos então acreditar nos mais velhos e temer os mais jovens com suas explosivas demonstrações de amor? Nada disto. O mundo está cheios de oprimidos que agora estão se manifestando de inúmeras formas. Onde será que amar é absolutamente seguro? Melhor ir amando os mais puros. Melhor ir amando os menos sofredores. Melhor acreditar nos mais sonhadores? Ainda existem sonhos bons. E os vilões dos sonhos bons em nossos sonhos morrerão queimados. Gostamos é de sonhar acordado.
Quanto a mim podem saber que no dia que me faltar amor não matarei ninguém, mas com certeza terei morrido mais rápido, sim. Já desconheço qualquer hora sem amor e sequer o relógio funciona. Na minha solidão todos os minutos amam e as horas podem acontecer lentamente. Enquanto falam do natal o janeiro ainda me parece longe. Mas e se nos faltar o amor? Já que não sei falar de outra coisa esta deve ser minha vírusfobia. Preciso ir trabalhar! Time is up for utopia.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 09/12/2008
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