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UM DEGRAU A MAIS - O DEGRAU DA PRECE
O DEGRAU DA PRECE
Marília L. Paixão

Para ela era o da Igreja. Pare ele era o da Profissão. Para todos o degrau mais fácil de ser pisado é o que foge da confissão. Para muitos os degraus são cheios de sabão. Para o estudante o degrau é um sorriso trocado com a ficante do lado. Para um traficante o degrau é um preço mais salgado pelo baratinho disfarçado. Para os escritores o degrau é cheio de páginas. Lágrimas passeiam pela poesia e os sorrisos enfeitam as crônicas. Os romancistas esperam o por do sol enquanto chegam Best Sellers do estrangeiro. Ah! Para encurtar a conversa eu sou é mineiro.

Visito as Igrejas de Ouro Preto. Participo de festivais de inverno. Sinto Frio em Minas Gerais.
Congelo as mãos em São Paulo. Já quase morri de frio em Santa Catarina. Já tomei banho de garoa em Porto Alegre, já subi as escadas do Cristo Redentor, estive em festa em Salvador e não cheguei a ir ao Pelourinho. Já tive virada de ano na Times Square. E nunca vi decorações natalinas mais lindas que as de New York City. Olha que nem desejei ir nos Cassinos de Atlantic city. Mas onde foi que eu rezei? Deus, onde foi que eu errei? Se muito já subi ou muito já desci me falta o degrau da prece.

Em minhas andanças já provei de muita bonança. Já bebi água de chuva, de córrego, e água da noite. Já sofri milhões de açoites, mas de onde me vem o que de melhor trago nas costas?
Será que vem do peito? Será que vem peneirado dos defeitos? De que me adianta um degrau a mais sem saber se tudo que faço tem serventia?

Estou carecendo deste degrau da prece que é para ver se ao cair e bater a poeira não vá cair cisco no olho do outro. Estou carecendo de um degrau da prece que é para ver se sirvo para Deus e já que Deus para tantos outros tanto serve. Deus! Você me recebe?! Você me aceita sem terno, sem vestido e sem gravata? Você me recebe travestido, transfigurado, tresloucado, muitas vezes enraivecido ou desligado?

Você me recebe pulando carnaval pela avenida? Você me oferece um copo d’água mesmo eu estando ainda de ressaca? Você me acha lindo mesmo eu sendo pouco, sem nada no bolso, mas também sem nunca ter engravidado a morena do outro? Você respeita meu estilo de vida, minha família, minha casa, minha estrada, meu chapéu de palha, minha sapiência, minhas xícaras, meu sapo, minha mala de retratos e todas as armas que eu não tive?

Subi neste degrau para poder agradecer cara a cara, olho no olho, sorriso no sorriso. Poder contar cada vez mais contigo. Vai me dar a mão senhor?! Gostaria de beijá-la. Será que o senhor vê flores em mim como eu sou? Veja se aumenta meus amigos  por favor, que perdê-los não me dignifica.

Eu vim sem promessas. Apenas faço parte dessa brava gente que reluz a cultura que conduz ao todo bem. Desejo não precisar me despir de nenhum dos meus bens, de nenhum dos meus amores para ter o seu. Se acha que estou em degrau errado o senhor fala, que eu desço. Eu nunca soube rezar mesmo!
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Este texto faz parte do V Desafio Recantista. Conheça os outros textos precedidos do título UM DEGRAU A MAIS. BOA LEITURA.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 08/05/2009
Alterado em 08/05/2009
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