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FALANDO DE DISCIPLINA FORA DA SALA DE AULA
FALANDO DE DISCIPLINA FORA DA SALA DE AULA
Marília L. Paixão

Dentro da sala de aula não há que falar. Basta ser adulto para saber a importância sem nem ser preciso ler o artigo do jornal a Folha de São Paulo deste domingo  em que o título já diz tudo: Colégio militar domina olimpíada de matemática da escola pública. Não basta? Vamos ao subtítulo: Alunos submetidos à disciplina rígida predominam em todos os níveis de ensino.

Todos os professores do mundo adorariam ler este artigo. Mas mesmo quem não é professor e tem visto alguma coisa na novela Caminhos das Índias, tem tido uma noção de como a falta de limites faz falta e como é importante a disciplina. Tudo bem! Os adolescentes de hoje vivem em uma era em que os valores têm sofrido queda de importância e chegam até a confundir valores apenas com bens materiais. Acredita-se que a disciplina rigorosa atualmente só existe mesmo é nas escolas militares por onde nunca passei e nada posso falar. Mas os resultados dizem por si só. São muitos diferentes dos resultados das outras escolas.

Fiz um ligeiro comentário com adolescentes ainda no evento do almoço do dia das mães e um logo me disse: Mas se trata de matemática! Na área de humanas é diferente. Como se na área de humanas o resultado não dependesse de disciplina. Tudo tem sua razão de ser. O comentário por outro lado faz sentido. Eu nunca estudei em escola rígida e se tenho minhas noções de disciplinas mais ou menos organizadas devo então este favor a senhora minha mãe que foi a que me educou em todas as horas do dia em que na escola eu não estava; inclusive nos momentos em que algum porquinho corria atrás da minha bundinha suja de cocozinho pelo terreiro da fazenda enquanto ainda bebê, engatinhava.

Ela da máquina de costura  gritava para a filha mais velha ir socorrer seu baby ao mesmo tempo que brigava com a que havia deixado o portãozinho que separava a cozinha do terreiro, aberto. Uma Mãe não tem paz nem para costurar vestidinhos para as filhas! Na época nem saberia que com as seis a brincar pelo terreiro ainda teria mais três.

Pois bem! Agora imagine um grupo de adultos que se reúnem para se dedicar a alguma coisa que exige um certo exercício educacional. Surgem logo umas regrinhas lá e o adulto acha que não precisa disto ou daquilo e se rebela. Por que não pode ser de outro jeito? Poder pode! Tudo pode nesta vida na medida em que você a organiza. Eis a questão! Um tenta organizar e outro começa a criticar. Qual tarefa é a mais fácil? A de tentar organizar ou a de criticar? Mas para criticar você já encontra a coisa pronta. Então criticar é mais fácil que organizar. Gasta-se muito menos tempo para criticar que para encontrar soluções. E quem discorda tem logo uma galera a favor da ausência de regras e por trás dos portões deve até ser aplaudido. Imagine os e-mails dizendo: Bravo! Gostei quando você falou aquilo!

Para o que tenta organizar não sobra nada, mas é o que faz a coisa funcionar na medida do possível bem assim mesmo! Portanto eu dedico essa crônica àquelas pessoas que tentam seu melhor em função de um objetivo que não pode se perder dispersado pela galera anti regras e que acham que mais vale levar tudo na brincadeira  quando o objetivo principal é crescimento e aprimoramento. Acho que as pessoas precisam é saber o que elas realmente desejam e escolher as escolas que desejam freqüentar durante a fase adulta. Muitos adultos desistem da escola por conta de jovens que nada querem. Muitos jovens nada querem por conta da disciplina que nem em casa existe.

Mas e fora da sala de aula? Como anda a disciplina? Como um adulto que oferece tanta resistência em disciplinar-se consegue interagir bem com todos? A verdade é que não consegue. Então ele passa a viver em função dos que por trás dos portões lhe gritam: Bravo!
Afinal, cada um procura sua forma de aparecer mesmo com disciplina ou não! Mesmo sem crescimento há popularidade. Há até os que se matam para ter seu minuto de fama. Mas eu reservo os meus aplausos para os que sobressaem não importando a quantas regras tenham que se submeter para isto. A certeza maior é que com o tempo cada um aprende a escolher sua praia e encontra a sua turma. O importante é que todos possam prosseguir em paz, cada um em seu caminho.



Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 11/05/2009
Alterado em 11/05/2009
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