OS BRAÇOS DO BEM SÃO TÍMIDOS
Ele não possuía um braço comum. Seus braços abraçavam o mais largo tronco de uma árvore. Muitas vezes ele tocava o braço do Cristo Redentor quando pensava que não, até o da Estátua da liberdade consegui alcançar.
Um dia pensou: Será que não podia de tudo com aquele braço? Para testar tentou ir até o bracinho do ET que pedalava uma bicicleta. Ao verificar que ele sentiu cócegas, deixou logo o bichinho quietinho, em respeito ao Steven Spielberg. Seria só um sonho?! Para conferir tentou alcançar os braços da Paixão de Cristo do Mel Gibson. E não é que doeu um espinho?!
Em sua mente a coisa estava ficando séria. Já pensou se tocasse o braço da Scarlet Johansson ou da Angelina Jolie? Ia virar celebridade! Mas que graça teria ser uma celebridade invisível? A celebridade dos braços longos e fantasiosos? Afinal, que braços eram aqueles que ao olhar pareciam tão normais quanto os de quaisquer outros?
Foi bom ele ter pensado assim. Não demorou e sentiu o forte braço quedar-se. E em meio à dor da queda hesitou até em propagar gemidos. De repente estava tocando o braço do Garfield pedindo comida com uma barriguinha magra. Reforçando o quadro da queda sentiu os braços da menina esquelética da famosa foto de Hiroshima. Depois braços atuais sendo amputados pelas guerras orientais.
Não! Não poderia padecer vendo transformados em fracos os braços tão fortes. Conteve os gemidos. Suspendeu a dor no ar e lhe veio a imagem do incrível Hulk. Para não faltar heróis servia o Batman, o Spiderman e até mesmo o Zorro. Mas para nacionalizar o heroísmo podia morrer feito o Jerônimo, o herói do sertão. Afinal, “Irmãos, é preciso coragem...” “Vai ser, vai ser, vai ter que ser faca amolada...”
Até que surgiu um raio de luz que talvez fosse lazer e sentiu a dor ir desaparecendo. Os braços á primeira vista estavam normais como se hora nenhuma tivesse caído. Seria pesadelo? Mas não estava numa cama! Na verdade estava sobre uma mangueira tentando alcançar uma manga pêra. E aquela manga um pouco com a casca verde e um pouco com a casca madura não lhe chegava até nenhuma de suas mãos! Bom! Pelo menos hora nenhuma ele tinha caído. E com tantas visões distorcidas não ia mesmo tentar sacudir a árvore. O importante agora era proteger os braços e evitar qualquer futura queda.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 30/06/2009
Alterado em 30/06/2009
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