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PODE LER QUE VALE CADA LINHA!

Pode ler que vaLE CADA LINHA
Marília L. Paixão

Faltam cinco minutos para que as luzes da cidade se acendam. Eu já me acendi para que não falte nada nesta página. Talvez eu pare para lavar o peixe de madeira que usei para cortar o churrasco. Mas enquanto não, vamos nos concentrar no comprimento das ruas que daqui vejo com prazer. Com um pouco de paz tudo parece perfeito desta distância.

Bastou falar e olha o telefone! Hoje não é dia de não atender. Quem era? Era o irmão dando rápidas notícias assim como faz um jornalista de Tv em horário nobre. E ele disse-me assim: - “Olha, a Ivone foi para o Canadá a passeio com a família por uns dias. Nossa outra irmã quebrou a TV de onde morava e diz que quer voltar para casa, mas na hora de vir não vem. Nossa sobrinha americana está fazendo tour no Chile, Bolívia e Peru. Como ela já conhece o Brasil, achou que gastaria menos e teria oportunidade de conhecer outras culturas. Eu resolvi investir mais no meu inglês e estou tomando aulas de conversação com um americano. Te falei que estou sendo interprete italiano? Mas não desisti do Francês! E você está boazinha? Dá um abraço nos seus que estou indo. Não posso demorar no telefone mas veja se liga lá para a outra e dá um jeito dela não desesperar a mãe”.

Sim. Claro que estou boazinha!. Fiz duas perguntas e ele respondeu três, mas a minha pergunta principal foi: você conseguiu falar com o pai? – Não. Dependendo do lugar que ele estiver o celular não pega, mas deixei recado com a tia. Menos mal! Foi o que eu pensei! Ou ele ia pedir dinheiro ao pai no dia dos pais.

Voltando ao domingo antes que ele esfria, as luzes da cidade já estão acesas. O peixe de madeira ao ser lavado sorriu. Melhor eu não ficar pensando numa TV quebrada ou nos pontos turísticos do Canadá onde a outra sister estaria fotografando até a alma dos canadenses com o marido e filha. E Jessica Lee poderia comparar o Brasil com outros países de terceiro mundo. Bom que vai gostar mais do Brasil! Gostar de longe é mais fácil que de perto!

Se os brasileiros se conformassem com o simples fato de quem nasce em primeiro mundo já nasce possuindo milhas e milhas à frente sem inventarem a moda de torcer o nariz já seria uma TV a menos quebrada pelas culturas da calçada. Mas vamos parar por aqui que eu quero mesmo é sorrir para o peixe. Se deixar para amanhã... pode ser que seu sorriso já não me pertença. Ah! Consegui falar com meu pai! Isso é que é domingo abençoado, fora as pessoas que encontramos em bate-papo.


www.recantodasletras.com.br/cronicas/1753398

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 10/08/2009
Alterado em 16/08/2009
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