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EU PRECISAVA VER DE NOVO AQUELA MULHER



A mulher que sumiu deixando as cadeiras vazias. Ela não ocupava uma das cadeiras? Será que ela foi para debaixo da árvore? A areia ao redor dela parecia rosa. Seria vertigem aquela imagem? Fazer o que com as cadeiras sem a mulher? 

Ela tinha um olhar perdido. Ela tinha uma cruz no peito. Ela parecia saída de um conto, mas existia e não podia passar de uma alma penada pela rosa areia diante uma mesa e quatro cadeiras. E por mais quem brilharia todas aquelas estrelas por sobre o lago se não fosse por ela?

Ela que não nascera estrela, que não tinha sido dançarina de nenhuma escola de samba. Que não fizera fama nos bancos escolares. Ela que abandonou-se no leito da maternidade por conta do primeiro filho que sequer chegou a ouvir a voz. Mas ouviu estrelas. Ouviu diagnósticos de sua morte eclâmptica. Ouviu tantos médicos e enfermeiras, mas não ouviu o baby que levado fora para tão longe de si...

Poderia ter sobrevivido e experimentado no decorrer dos anos a palavra mãe vinda de pequeninos lábios.Teria herdado seus cabelos ruivos ou seu talento imaginário? Herdaria os brilhos do lago? De que lhe serviria aquela paz rosa sem os passos do filho? O que fazer com aquele viver silencioso sentada com as cadeiras vagas? Teria fugido para um sol nascente?

Eu precisava ver de novo aquela mulher que havia levantado da cadeira e se arrastado feito um vento frio até o lago. Não para morrer de novo. Mas se as almas sonham ela teria encontrado o filho ou um novo abrigo para o seu coração cheio de lágrimas.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 11/08/2009
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