O VERDADEIRO CAMINHO DAS TONTASEm qual estrada vai dar o verdadeiro caminho das tontas? O da infelicidade. Por mais que as mulheres de antigamente tivessem lá seus motivos para se conservarem fazendo de conta que das traições não sabiam, de uma coisa elas tinham certeza: não eram felizes. Que mulher se sente feliz sabendo que não é a única na vida do outro? O outro que ela por sua vez é a fiel companheira de todas as horas.
Mulher por mais antiga que fosse não se sentiria rainha sabendo-se traída. Para sentir-se o máximo a mulher precisa imaginar-se o centro das atenções ou pelo menos do coração do companheiro. Grande prova disto é minha mãe que nunca soube ocultar sua infelicidade por mais que tivesse sido educada para ser a dona do lar e a sempre usar vestido. Obedecer e sempre admirar o marido.
Ela desempenhou melhor a função do lar e maldisse todo o resto que tinha aprendido com os senhores das fazendas ou padres das igrejas. Ter um marido que a abandonava nas noites escuras ( literalmente sem luz elétrica)já com a bolsa pronta para estourar e se mandar a cavalo para reunir-se com os butequeiros de outros cafundós dos Judas, não lhe fazia sentir rainha de nada. Tudo isso sem falar no medo ao qual ficava submetida enquanto ela em estado de dor e desamparo só desejava nunca mais parir nesta vida.
Não! Ela não ia fazer de conta que aquela vida era boa! E saía uma filha da barriga e o desgraçado lhe fazia outra. Entre a igreja para rezar tinha era os bebês para cuidar um após o outro naquela roça do Deus me livre! Ela não sabia quando se casou na década do antigamente lá na igreja do município da cidade mais próxima, que seu destino seria o mesmo do nome daquele povoado: PERDIDA. Perdida dos sonhos e da alegria.
- Como é que é mãe?! – Isso mesmo! Eu casei na Perdida. Foi naquela Igreja meu casamento com seu pai.
- E a senhora lembra do casamento mãe?!
- Lembro!
O meu vestido era lindo!
No rosto dela uma lembrança de orgulho. Essa vaidade a acompanhou pela vida inteira. Se minha mãe tivesse tido o destino de um berço melhor erateria sido uma madame burguesa de qualquer cidade metropolitana.
- Mas a senhora não gostava do pai?
- Naquela época não tinha isso de gostar. A gente tinha que casar e pronto! Casar e ter vocês! Mulher da roça era tratada como uma égua tonta.
Voltou para o rosto os sinais da amargura e o olhar de quem nunca teve momentos de amor dos mais lindos. Não! Depois de compreendida a vidinha ela não mais faria o papel de tonta. Demorou anos e anos mas conseguir se divorciar. Nunca mais quis saber de outro casamento!
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