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CADÊ VOCÊ?



Que não consegue fugir do bom gosto. Que não consegue deixar de ficar atenta. Eu também fico a ponto de esquecer meu carro estacionado e tomar um ônibus engajada numa conversa de colegas. Viva a pressa! O medo do ônibus partir e me deixar sozinha no escuro da rua deserta. Entrei correndo pela porta aberta.
Cadê você? Já apagou o cigarro? Já vestiu o pijama? Já desligou a TV? Olha que eu cheguei, mas já estou indo de novo. Não! Não vou subir o morro. Estou partindo nesta hora antes da meia-noite. Nada de taxi que o dinheiro não dá! A corrida será longa. Você tem quanto ai?! Os caixas eletrônicos não funcionam nessa hora meu amor!!! Viu o que dá ficar sem dinheiro vivo em casa?!

De dinheiro meio morto eu tenho nada no bolso. Comi trufa com o que eu tinha. Me empresta ai e muito obrigada. Falei para as colegas que passaram por mim num FIAT. Podem ir que eu vou ligar para o moto taxi. Peguei 25 reais do empréstimo e elas foram, todas apressadas com compromisso em casa. Liguei e me informaram que custaria 15 reais a corrida. Pode vir me buscar seu moço que estarei na rotatória. Disseram que iam demorar sete minutos para me pegar. Sete minutos de frio, eu pensei.

E lá esperando enquanto estava na faixa dos 5 minutos veio um motoqueiro. Olhei tanto para ele e ele parou 5 metros depois de mim. Seria ele? Fui ver! Você é de qual moto taxi? Perguntei. – De nenhum! Ele respondeu! Mas posso te dar carona! Ele ofereceu. Obrigada seu estranho! Mas eu já liguei para um moto taxi. – Mas moto taxi também é estranho. Ele deve ter pensado, ou fui eu quem pensei?! Mas era o estranho para quem eu tinha ligado. Essa era a diferença que venceu minha crença e agradeci ao gentil estranho com cara de moço bonito e esperei o moço feio que veio me buscar.

A coisa tem que ser assim! Não gosto de desviar o destino. Se não tivesse ligado eu até que ia com o estranho. Ele se identificou até como conhecido do pessoal da escola. Eu tinha olhado bem para a cara boa dele, mas continuava de desconhecido para mim. Eu sou assim. Obrigada moço! Eu vou esperar o moto taxi, que é o mais certo. Não posso deixá-lo perder a viagem, afinal, você está passeando, mas ele está trabalhando. E assim como precisei dele hoje posso precisar amanhã.

E veio o motoqueiro certo com cara de errado, o tal que eu tinha ligado. – É para a zona rural moço! Sim, perto do viaduto, não é?! – É! Mas não corre muito não que eu tenho predisposição para vida curta mas com preferência para morrer durante o dia. Acomodei-me na garupa da moto velha em busca do meu carro novo. Como é que alguém pode esquecer um carro dentro de uma garagem da escola e entrar num ônibus? Se este alguém for eu a resposta é simples: - esquecendo uai!

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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 28/08/2009
Alterado em 28/08/2009
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