Textos

MARÍLIA DE DIRCEU

Como eu tenho transformado muita pedrinha em ouro consegui o prêmio de poder escrever mais uma cartinha. Não repare se não ficar boa, pois não tem passarinho nenhum por aqui. Tem dia que é só eu e eu e um ou outro pio de pássaro distante e minha dona, é claro, mas ela está lá ocupada com vocês. Quando ela está ocupada com vocês, sabe o que ela diz para mim?

- Não me amole agora, Dagger! Então eu pergunto:
- E que horas eu posso?! Se ela não me dá resposta é por que a seria hora nenhuma! Se eu pego uma folha de papel e arrasto devagarinho, ela me pergunta:
- Vai fazer o que com isso little writer?
Então eu digo: O mesmo que você, uai!
- Vai escrever sobre o quê?
Pergunta como se estivesse interessada na resposta, mas eu já aprendi a responder do jeito certo, assim como ela me responde às vezes:
- Nada importante!
- Então não é sobre mim?!
-Não! Não é sobre você.
- E vai escrever para quem desta vez?
- Para Marília de Dirceu!
- Ah! Sim! Ela é muito querida! Pode escrever! Seja carinhoso e coloque um pouquinho de ouro na carta.

Assim que recebi a permissão eu vim para o terreiro com o meu papel. Agora posso escrever o que eu queria com enormes letras:

I Love you

Dagger.

ps eu escrevi essa cartinha ontem mas o mas o meu amor vale por todos os dias. Desculpe escrever pouco, mas sozinho não consigo escrever muito. Eu li seu texto de ontem e até vi a lágrima rolar... Ah! Resolvi não colocar do ouro com medo de sujar a carta. No lugar vai muitos pulinhos e mais pulinhos para você esquecer a dor.


Dagger Lor.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 09/09/2009
Alterado em 09/09/2009
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