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NA NONA NUVEM A VIDA SE ENCHE DE GRAÇA

Flora estava feliz com a carta que recebera. Todas aquelas palavras significavam que ela era amada. Flora ficou assim com uma cara de quem ama a inteira pátria.

Em dias assim de alegria Flora poderia até assar um bolo, um cabrito ou dar um passeio a cavalo.  E o cavalo não precisaria ser branco, preto ou marrom e nem seu comandante precisaria fazer declarações o tempo todo. Flora gostava mesmo era de propagar sua felicidade sem aborrecer os outros ou despertar sentimentos invejosos.

Ela já tinha aprendido que os sonhos mais gostosos são aqueles tidos debaixo do pé de flores, sem assaltos, sem violência, sem apagões ou distorções do que realmente acontece na vida para ficar tudo certinho em um filme. Certinho é o tamanho do espinho que sempre dói quando para em nosso pezinho.  E nem todos são tirados no divã por Martha Medeiros.

Se existiam heróis bem brasileiros, eles tinham se perdido nas memórias da infância. Flora queria curtir o gostinho da carta, da preciosa não insistência. Tinha valido a pena ela não ter corrido atrás. O amor reclamou da falta do telefonema e foi nos dias do apagão no sistema...

E agora mais um apagão no bairro, Flora não poderá dizer ao seu amor que a carta chegou. Também o seu amor não usa computador, não diz hello enquanto anda muito distante. Por isso aquela carta era a certeza que o sol vinha de muitos horizontes e aquela luz que lá dentro dela brilhava não se apagaria. É por conta desta luz que tudo irradia.

Foi assim que Flora resolveu fazer seu passeio na nuvem nove. Acredita que ela desceu do cavalo e escreveu s o nome do amor em letras bem grandes, mas tão grandes que sem querer ela foi parar na nuvem dez. Quase perdeu o cavalo ao se espatifar no chão. Mas ela não se importou. O chão da nuvem era todo bom!




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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 01/12/2009
Alterado em 11/12/2010
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