AS TAIS FOTOGRAFIAS
AS TAIS FOTOGRAFIAS
Ele era lindo tetraplégico e tinha mandado a foto de meio corpo. Tinham trocado cartas através de um anúncio de pessoas interessadas em namoro. E até que uma ou outra carta chegasse ao destino eram dias e mais dias de suspiro no travesseiro olhando a tal fotografia.
Ela também havia enviado uma foto de quando era bem mais moça. Depois confessou que tinha mandado uma da época em que tinha ganhado o concurso de miss primavera da escola. Nenhum dos seus amigos atuais a achariam hoje parecida com a moça da foto. Acabou confessando que quem tinha ganhado o concurso miss primavera era uma prima. Confessou só para Deus, é claro! Rs...rs...
Mas era bom esperar o carteiro que lhe matava de susto esmurrando o portão ao invés de gritar como fazia antigamente. Sempre tinha a sensação que o carteiro se sentia incomodado de ter que acabar de subir o morro que conduziria até seu bem decorado barraco recem pintado e bem mobiliado.
Mas era mais uma carta que chegava. Passaria horas devorando as linhas. Não se importava se seu amado era deficiente. Valia a imaginação que lhe dava um corpo normal e sarado. Nem gordo ele era! E ele tinha escrito na carta que a foto dela era como um instrumento dentro dele. Ela imaginou então que todas as cordas do corpo dele funcionariam e isso a deixava feliz com todos os seus desejos.
Outra coisa que ela apreciara no cara era que ao ler uma de suas cartas para uma amiga, ela dissera: - Seu namorado é um poeta! Poetas são pessoas sensíveis. Ele deve ser boa pessoa. Olha como ele escreve bonito!
Pronto! Não faltou mais nada para ela estar apaixonada. Decidiu não contar para a amiga que ele era tetraplégico. Fez bem para seu ego saber que até a amiga desejaria ter um namorado como ele. Ah! Ele também havia lhe confessado que não era nenhum compositor de sucesso, mas que poeta ele era sim!
E o melhor de tudo, eles estavam se amando e o desejo não morre por fim.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 18/12/2009
Alterado em 19/12/2009
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