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PARA QUE A BELEZA JAMAIS ACABE - BVIW
Lá fora um niilismo a tomar sol nem percebia dois passarinhos encolhidinhos de frio. “Foi Deus quem fez você” tocava em um rádio distante. Mas para os não amantes de dogmas, melhor ficar com Nietzsche e seu pensamento de que o cristianismo é um platonismo vulgar criado para o povo. Diante este parecer ficaria difícil buscar beleza em alguma inspiração divina. Se somos tolos e vulgares mortais, melhor buscá-la em outros cantos. Onde?

- Dagger! Me ajude aqui. Passei para seus olhos o inicio do texto e eles apenas aquietaram. Jamais imaginaria como teria interpretado aquelas linhas. Se rastejo em minha capacidade de compreensão sobre o mundo, como saberia da dele? Como seria sua visão cósmica de uma inusitada beleza? Sem nada dizer, ele se retirou. Talvez uma xícara de chá bem quente produziria a mágica que colocaria tudo em seu lugar, a começar pela perdição do meu texto. Dali, partir para onde? Nietzsche perdoaria os adeptos do platonismo que preferem continuar ouvindo “foi Deus quem fez a gente, somente para amar... só para amar”? A quantas linhas ainda teria direito sem deletar nenhuma?

- Não me delete!  O ouvi pedir lá do quintal. Estaria lendo meus pensamentos? De qualquer forma sorri. Não iria deletá-lo. Afinal, se paro para pensar em beleza ele é uma fonte especial pela sua candura, seu persistente e fiel compromisso com a educação que recebe, e mais o amor que ainda não conseguimos mensurar de um pelo outro e passamos de uns para todos com nossa firme e leal existência. O que não deixa de ser um pacto para que toda inusitada beleza jamais acabe.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 23/06/2010
Alterado em 23/06/2010
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