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A ARMADILHA DE LÚCIA -BVIW-TÂNIA MENESES
Juan, nascido em Buenos Aires, apenas 29 anos de idade. Altivo, elegante, cara de paso doble, tinha, na carteira de couro legítimo, o suficiente para os cigarros, os tickets do metrô e para um café que gostava de tomar em um aconchegante barzinho na Calle Florida.O olhar de Juan tinha o fogo do bandonion que o pai tocara. As mãos longas e os dedos finos de um pianista, pernas bonitas dentro da calça de linho azul marinho. Camisa em seda pura pastel. As pernas cruzadas com mais charme do que toda a Paris iluminada, mostravam meias finas combinando com a camisa e um sapato social preto e sempre impecável.A fumaça do cigarro cheirava junto com o café. Ela olhava para o rapaz e via cenas sensualíssimas nas quais dançava um tango com Juan. Voltas e voltas, pernas entrecruzando-se e o rapaz encostando o longo e belo corpo ao seu. A cada dia uma nova conquista, novos sabores, emoções que deixavam os cabelos de Juan ainda mais negros e brilhantes. Os olhos, mais dançantes.A polícia encontrou os dois nus e abraçados. No assoalho, largado, um par de meias pretas e rendadas, uma calcinha vermelha. A perícia e, em seguida, o laudo: envenenamento. Depois de uma tarde e mais uma noite de tangos e volúpias, ela colocara no vinho do brinde final uma dose do mais potente veneno. Deixou sob o travesseiro um bilhete assim: A MAIS FATAL ARMADILHA É A DO AMOR. AGORA SEREMOS UM DO OUTRO. LUCIA.Na manhã seguinte, as ex-amantes do portenho foram olhar a mesa com as duas cadeirinhas. Choraram longamente enquanto pombos ciscavam na calçada indiferente. Veio um rapaz e sentou-se, cruzou as pernas e continuou ali até que a primeira das viúvas se sentou ao lado dele.

TEXTO DE TÂNIA MENESES.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 06/07/2010
Alterado em 06/07/2010
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