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A ERA DA MENTIRA
Cada vez mais ouço pessoas confiantes em coisas que não podem mais contar. Sim! Estou falando dos valores. A verdade é essa. Ao observar os que têm nos prestado serviços mais vejo como as coisas têm mudado. Engraçado é que eles querem todos os nossos dados, mas não nos dão nenhum.

Outro dia tive um serviço feito e ao perguntar se tinha garantia, me disseram que não, pois só teria garantia se tivessem trocado alguma peça. Fui embora pensando se sem muita mão de obra ou muito mais gasto, como eu iria saber se eles tinham ou não trocado peças? Tudo então fica na base da confiança e da palavra.  Você acaba tendo que confiar no que ouve mesmo sem ter certeza. E nestes tempos da esperteza, como é que poderemos ter certeza? Será que os prestadores de serviços já não estão se portanto como os candidatos a cargos políticos? Será que não prometem um jardim e nos entregam apenas uma salsa mais ou menos verdinha? O jeito é confiar, não é mesmo?!  confiar até que aconteça uma quebra de cara. E quebra de cara não está sendo coisa rara hoje em dia.

Observem este diálogo:
- Mas você nunca traz o livro, acho que você está mentindo. Você não tem o livro. Pode dizer!
- Eu tenho!  Claro que tenho! Só esqueço de trazer.
- Mas você esquece todo dia... Para mim você não tem.
- Claro que tenho ás vezes eu mesmo prefiro não trazer.
- Deve ser como a Mercedes que tenho. Nunca ninguém me viu com ela para ninguém saber que a tenho, mas eu a tenho. Ando de gol para parecer bem pobre.
- Mas agora a senhora exagerou na mentira... rs. Ganhou de mim.

Pois bem. Imagine se um falso doutor vai até um vilarejo bem vestido e discursa bem sobre um remédio, ele acaba convencendo o povo de que o remédio é mesmo milagroso. O povo do vilarejo humilde, sem acesso ao doutor Google ou nunca ter ouvido falar, vai levar o remédio com certeza sem nada questionar. E assim a vida prossegue com um número cada vez maior de senhores discursando sobre isso ou aquilo. E a palavra dita com firmeza vai ganhando força, seja verdadeira ou não, seja para o bem ou para o mal. Para mentir bem ninguém precisa de diploma, basta um pouco de habilidade e treino. Treino no reino dos que acreditam sem pedir prova nenhuma. Afinal, eles são do tempo em que a palavra de um homem costumava bastar.

Nesta era da mentira os senhores que se tornam palestrantes sem formação especializada, começam o dircurso dizendo que são doutores nisto ou naquilo. Quem é que vai pedir para ver o diploma ou saber se é falso ou não?! E se a prosa está boa, para que pedir para ver?! O importante é acreditar. E se você acreditou, o palestrante já ganhou seu dia e você pode ter sido enganado ou simplesmente tenha deixado se convencer. Vá saber! O que quis dizer com tudo isso?! Que a palavra depois de ouvida é difícil de ser discutida ou cada um faz da palavra o que quer? O problema é o resultado da palavra que depende de quem ouve.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 19/09/2010
Alterado em 19/09/2010
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