Textos

OS TRANSPARENTES DE UM LADO E OS BIPOLARES DO OUTRO
Há pessoas que são desligadas das outras não por conta do tamanho dos fios das tomadas, muitas vezes é por falta de plug in ou de bons horizontes cruzados. Ainda assim descruzar de pessoas é tão fácil como evitar descascar um abacaxi.

Hoje mesmo encontrei com alguém que me pareceu uma goiaba mordida pronta para dar choque e preferi me fazer de desentendida, afinal, é tão casual a calçada em que nos encontramos, que acenar ou não até poderia ser deletado, computando prejuízo para os bichinhos da goiaba da pessoa. Mas a razão do teatro só Deus para saber. Como não sou besta, guardei minhas impressões para esta crônica, pois já aprendi que de cada ser humano estranho, nada se perde e muito se aprende. Então passei a pensar no tanto que posso parecer estranha também.

Sim! Sou estranha. Estranha com essa aparência muito confundida na rua com outras. Estranha em meus gostos de lua, sol, terra e mar. Estranha em minhas letras que são mais belas que todo e qualquer pensamento inteligente que eu possa ter. Então pergunto para elas:
- letras, por que me falta à doçura do Pão de açúcar, a liberdade da Estátua da liberdade, a altura e elegância da Torre Eifel e a exatidão do Big Ben?

Mas sem esperar resposta agradeci a Deus por não ser uma goiaba mordida e lembrei que fiquei com minha surpresa sabor de laranja. Ainda assim por dentro também guardei minha vontade de dizer: Ei! Não fui eu quem mexi na sua goiaba. Pois se tivesse mexido, com certeza não faria essa crônica. Ou será que mexi sem saber? No mundo das inteligências diversificadas e desavenças não esclarecidas, tudo é possível. Ainda assim, não trago nenhuma porção de goiaba dentro de mim. Conclusão serena:  a ninguém mordi.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 03/12/2010
Alterado em 03/12/2010
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