Textos

UM LÍRIO CONTRA OS MARES

Por que estava com saudades e você veio, um mar de sangue se transformou em vinho. Passei a tarde sorrindo. A noite até sonharia com sua constante presença não fosse a chuva me avisando que teria que me vestir e voltar para as ruas em que o sangue é sangue e a chuva aparece para lavar corpos que de mal sofreram.

Será que já foram embora os vampiros? Será que a cor do dia afastará a sombra do romance vivido? Que bom que foi nossa conversa sobre seres diferentes e espíritos que se atraem. Você foi embora feito um cavalheiro raro, não sem antes folhear alguns poemas de amor correspondido.

Observando sua paz e carinho eu até pensei em lhe mostrar o Lírio Branco de Laurie Anderson. Você certamente perguntaria o que de tão especial no poema Lírio Branco, já que não sou de citações. Responderia que ele é quase uma crônica sintética e para provar mostraria:

“Qual era mesmo o filme de Fassbinder? Um homem de um braço só entra na floricultura e pergunta: Que flor expressa: Dias que passam e nunca cessam infinitamente te empurrando dentro do futuro? Dias que se passam, sem fim, sem fim, te empurrando dentro do futuro? E a florista diz assim: lírio branco” (Laurie Anderson)

Caso ainda me olhasse sem entender meu encantamento com este poema eu reforçaria:  você é o meu lírio branco diante todos os mares vermelhos. E enquanto você existir como  lírio, não temo nenhum dos mares.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 02/01/2011
Alterado em 02/01/2011
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