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AS TRÊS EM UMA

Na janela real os dias que passam é de pura chuva. Você não tem sombrinha, não tem amigos na cidade, pois todos estão viajando. Você não tem lugar para esconder seus desejos e manifestá-los também não é viável. Você se olha no espelho e pensa que foram embora os tempos de beleza em que qualquer coisa ficaria bem em você. Agora é liturgia achar que nada fará muita diferença e o melhor que tem a fazer é enfiar a cara na rede social, no jornal ou na TV. Demorar uma vida para se produzir só se tivesse um pretendente charmoso para valer o esforço de fitar o mundo cheio de jovens e belas mulheres. Mais fácil enfrentar a rede e achar que o mundo lhe ajeitou uma nova forma de viver.

Já outros querem desligar um pouco dos problemas dos filhos que não estão nem aí se mãe ou pai também são felizes ou se estão só esperneando contra o tempo. E os problemas deles nunca terminam. Cada dia um problema novo, que aos seus olhos não passam de idiotices da adolescência. Mas você vai lá e tenta resolver com palavras explicando que tem coisas que pedem tempo. Mas eles querem soluções imediatas daquelas que não existem. Para variar se trancam no quarto e choram ou saem e se drogam.

Enquanto isso em outros lares a coisa é diferente. A mãe fica mais fora que dentro e a filha fica na net. Diz ela que tem veia de poeta e o pai ri. E diz tudo bem enquanto existe ele que a sustenta, mas e depois minha filha?! –Depois ela vai ser jornalista, não é filha?! A mãe afirma. Não está me ouvindo filha?! - Sim, mãe, mas por enquanto eu quero fazer parte do BVIWtecendoletras.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 13/01/2011
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