SOBRE BATE-PAPOS COM RECANTISTAS
Há várias formas de se aproximar de um recantista e uma das que não recomendo é através da luzinha verde do bate-papo. Pois uma luzinha pode não significar “oi, eu estou aqui querendo bater papo”. Pode simplesmente significar: Oi! Estou online, hora boa de me enviar um e-mail. Na dúvida eu fico sempre de luz apagada e falo oi para as luzes verdes cujo verde sei que posso dirigir meu carro sem problemas de colisões ou curvas em velocidade apressada.
Uma das luzes verdes que gosto é a em que posso trocar “tadinha” para lá e “tadinha” para cá. – Fala se nossa vida não é sofrida?! Essa vida de querer escrever bem e querer melhorar, ter um estilo para preservar e outras obrigações profissionais...ter que fazer isso e aquilo! – ah! Tadinha... rs...Amo essa luzinha verde! Mas claro, temos nossos momentos de falar dos feras da escrita para esbarrarmos em nós mesmas! ( Nossa mais alta ambição é ter nossas práticas de belas linhas reconhecidas) Uma das primeiras coisas que acontecem nos bate-papos é que você só fala oi para quem escreve bem ou é digno da sua admiração. Mas como eu não sou de verde fácil eu fico de invisível por fora para continuar transparente por dentro.
Como essa crônica é de prosa e não preciso contar linhas eu disse para uma luz verde que o mal dela era só escrever o próprio estado de espírito enquanto um bom cronista escreve desde o espirro do rato à morte da coruja sem nem pestanejar. Agora me pergunta se eu já vi alguma coruja morrer?! Já vi coruja correr, pois fotografá-las eu tento com freqüência.
Há uma luz de difícil alcance, cuja amizade muito prezo. Essa de tanto trabalho engole o doril e a gente até esquece que ela sumiu. É um caso de desaparecimento tão sério que os ventos se recusam a trazer notícias dos ares de suas abstinências. De qualquer forma ela justifica as ausências com sua luta por status.
– Status literário?! Deixei minha ingenuidade perguntar já que nada sabemos da vida do outro do lado de lá da tela. A luz riu para depois responder: – Brasília!
–Ah... Enquanto uns sonham com um livrinho ou dois, Brasília seria uma biblioteca e tanto! Pensei... Mas até chegar lá... deve-se ralar muito mesmo, pois o paraíso é para os que já estão lá...Mas não entramos neste detalhe sem nada de literário, e nossa afinidade afinal é a do mundo das letras. Por essas e outras que gosto de todas as luzes verdes por onde gorjeiam meus sabiás. Se não morrem as minhas amigas corujas, por que deveria parar de escrever crônicas?!
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obs: Tudo ficção. Tanto as luzes quanto os bate-papos. (MLP)
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 27/01/2011
Alterado em 27/01/2011
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