Textos


Antes a dele que a dela.

Passou o dia em que a bandeira não poderia ser estendida. Passaram soldados desarmados com seus corações aos pulos. E se em noites sem estrelas não poderiam cantar canções de amor para as senhoritas ou amadas senhoras distantes, os soldados agora rendiam seus palavrões e suores. Um deles sentia-se aliviado por poder sentar-se a mesa com seu amassado bloco de papel cheirando a bala sem ser de confetes.
Arriscou umas linhas:
Que pena meu amor que mais um aniversario de casamento se passou. Sei que não perdoa meus braços distantes e nem aprova meus sonhos guerreiros, mas o que poderia lhe ofertar se desertasse de todos os meus sonhos? Sequer amaria o meu amor por ti que adoro ter, sequer você reconheceria em mim o seu gigante se de tudo eu me acovardasse para viver de lentas letras sem nada fazer pelo chão que vivo.
Olhou para as linhas contrariado
Amassou, rasgou e apertou o passo ate o mais próximo lixo. Tolices as frases de amor por quem já lhe trocara por outro. Voltou para a mesa e armou-se do prato e do garfo. Espetou a carne mal passada e sentiu que sangrava a solidão. Ainda assim, pensou: antes a dele que a dela. Com o sangue viveria a vida inteira. Com o amor, sonharia. 











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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 10/03/2011
Alterado em 11/03/2011
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