QUERIA PODER FAZER MAIS POR ELAA madrugada profunda está tão perto, mas não se esquece dos que estão longe. E que pena mora longe a pessoa boa que meu pai é. Também penso na irmã que durante o dia não vê o sol e percebe tão bem os barulhos da chuva. Oh! Oh! Oh! Ela dizia em sua forma de me comunicar que o temporal vinha. Foram embora suas palavras em uma esquina cujo nome não deixou como referência seu cérebro tão danificado. Sinto falta de quando ela via. Sinto falta de quando ela ria nos olhando nos olhos. Agora seus olhos não sabem por onde andam nem quando ela pensa que está nos vendo. Da última vez que lhe falei ao telefone, pressenti mal estares e logo que perguntei como ela estava, primeiro veio a tentativa de repetir a fala gravada do que se deve dizer quando perguntado, por não poder desprogramar o decorado. A mudez tomaria conta e as pessoas desistiriam de lhe perguntar. De qualquer forma saiu um “não bem” como resposta o que a fez evoluir do medo de não ser compreendida ou de quem perguntar de fato não importar. Mas por saber que eu me importo, começou a chorar logo em seguida. Talvez para que eu lhe socorresse do desespero de sentir-se meio morta quando tudo que ela mais deseja é recuperar a vida. Senti que a tinha confortado quando disse que pediria o irmão para levá-la para um passeio. Não lhe contei depois que ele se disse muito ocupado antes de abandonar o telefone. Família nos faz sofrer em muitas linhas, mas quando se deixam fora delas, nos faz sofrer mais ainda. Uma amiga me disse que se eu escrevesse eu melhoraria minhas sensações de angústia. Queria mesmo era diminuir a distância e poder estar em múltiplos lugares ao mesmo tempo. Queria poder fazer mais por ela...
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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 19/04/2012
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