Textos

SEM DIA DE ROCK


Quando olhei a garagem alagada com mais de meia-dúzia de jornais boiando, suspirei. Os apanhei na esperança de colocar ao sol e passar os olhos no que desse para ler. Mudaram as estações e apanharam sol, mas como não tive tempo de recolher apanharam mais chuva. Tudo bem! Andando com um ipad para lá e para cá,  já sei que existe um novo mini e a minha vida continuará com o grande. Enquanto a língua vai sendo reinventada ao gosto de quem alcançou certo poder, empregadas domésticas estão no topo da fama. Pagas para dizerem que ganham muito bem, mas não dizem quanto, afirmam que estão muito felizes com a profissão. Pudera os professores e os funcionários da saúde dizer o mesmo, mas no mundo encantado o que importa é a ficção e viva as novas heroínas da TV enquanto outras sonham em poder dizer o mesmo. Nem cheguei a ler o artigo da Fernanda Torres em que ela diz que a ideia de que a periferia deve consumir periferia e a elite, elite, subestima obra e plateia. Não tive tempo. O tempo está me comendo sem uma cerveja gelada, sem uma sobremesa e sem dia de rock. Estamos envelhecendo?


imagem google ( Bruce Springsteen )
link para maravilhosas mini crônicas
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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 27/10/2012
Alterado em 27/10/2012
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