UNS ESQUECEM, OUTROS SE LEMBRAM DE AGRADECER.

Caia o pano da tarde quando a estrada me via. A madrugada do dia tinha piscado um olho e aberto outro quando as malas no carro coloquei. Coração sabia por que existia e pernas correr não precisavam. Necessário era sobreviver ao transito. No Mineirão camisetas azuis se misturavam enquanto eu procurava pela lagoa da Pampulha. De lá para o terrível endereço onde me destinava inúmeras voltas daria até acertar e acertei no coração das cenas tristes. Pronto. Dalí em diante a missão se iniciava. Ela sorria mais alegre que triste enquanto eu fingia uma descontração preocupada. Coloquei música para tocar e ela começou a cantar e fomos estrada escura afora. A noite parecia muito mais negra que todas que eu lembrava e embebedei-me de café para ficar bem acordada. Numa das outras paradas enquanto abria a mala no chão perto do carro procurando pelos remédios, alguém jogou faróis em mim, creio que para me ajudar a achar as coisas. Tinha achado os remédios, mas não a receita. Depois de achada a receita tentava conferir os remédios. O carro não foi embora até que fechei a bolsa, contei comprimidos e estendi a mão pegando o copo de suco de laranja. Na pressa de dar os remédios a ela me esqueci de agradecer a pessoa dos faróis. Virei-me para fazê-lo e o carro dos faróis entrava na estrada. Ficou o agradecimento enterrado na minha alma enquanto provavelmente foram embora pensando que eu era uma doida ingrata. Não sabiam eles e nem eu que em um e-mail recebido hoje, meu coração seria chamado de ouro. Senti-me recompensada por tudo. Pelos erros, pelos acertos, pelas torturas. Muito me entristeci por ter esquecido de agradecer. Quando a memória nos abandona alguma confusão nos cerca. Bem...Que Deus os abençoe.

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