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PESSOAS E CÃES

Quando estamos felizes não esquecemos de sorrir, mas quando estamos tristes podemos perfeitamente nos esquecer de chorar. Acho que o choro é uma das expressões das nossas emoções menos previsíveis, exceto para os atores. Se bem que criança chora fácil. Choram tão fácil que passou a ser o canto guerreiro de vitória para conseguirem tudo que querem. Bem, mas não tenho que me preocupara com isso, já que se tivesse filhos, estariam todos crescidos. Também não ando preocupada com lágrimas, pois felizmente não ando nem triste e nem chorando. Minhas preocupações atuais se resumem ao bem estar dos meus dias e dos que me rodeiam mesmo não estando tão perto de mim ou dos meus olhos. Mas sei que há pessoas que me rodeiam a milhas e milhas e que talvez nem tenham tido como manter contato. Andei sem telefone, sem net e só não andei sem documentos como o Caetano Veloso na década de 70 porque ando mais dirigindo que dando passos pela avenida. Ainda assim o vento quando sopra meus cabelos me diz que ando envelhecendo muito bem, obrigado e por isso estou feliz. E você, como vai mesmo não estando em um sinal fechado? E você, como vai mesmo não sabendo que eu existo por ser apenas um estranho parado do lado de lá. Um estranho que achei mais que estranho por estar coçando demais a orelha feito um cão sarnento. Pois é! De tão feliz neste instante me atrevi a reparar nas estranhezas do outro. Ter tempo para os outros é tão raro que o jeito foi o instalar aqui nesta crônica. Pois o que eu pensei foi que se estivesse sarnento mas fosse um cão, apareceria alguém que o levaria para casa. Mas este alguém não seria eu. Nem por isso sou o horror dos tempos.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 24/08/2014
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