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ENQUANTO A POESIA NÃO CHEGA, OUÇA “MALIBU


Ando sem notícias. O jornal já não espera por mim quando chego em casa. Ando sem graça. O bom é que posso por a culpa na cara do dia. Sequer me banhei de neblina. Em nenhum canto da bolsa encontraria sinais de perdida purpurina, caso procurasse por lembranças. Com o tempo, até o passado nos abandona.

Eis o motivo pelo qual vez ou outra tentamos imitar passarinhos. Nada como um novo canto, uma nova prenda, novas vontades. Não se deve ficar à deriva. Sorte minha que meu pensamento, entusiasmado fica, por qualquer coisa boa. Principalmente quando se trata de boa leitura. Estas que nos deixam com o coração leve, como se fosse feito de asa de borboleta.

Particularmente, agora a pouco me deixei encantar pela segunda-feira de Zélia Freire entre Drummond e Shirley MacLaine, enquanto ela pegava leve. Todavia, não posso reclamar da minha terça bem-sucedida. Eu que ainda nem dei conta de ler Os cem anos de solidão do Gabriel García, continuo sentindo falta de notícias. Não, notícias dos que traem, mentem, corrompem. Mas sim, dos que amam e velejam em seus processos criativos sem atropelar nenhum corpo, sem precisar da ajuda do diabo para se safar dos males.

Devo estar sentindo falta de poesia. Deve ser isso... E como não acordo entre poetas, me resta correr ao encontro do dia aguardando o retorno de Miley Cyrus, que já canta Malibu. Seu novo trabalho, poderá para os meus ouvidos, substituir muito bem os passarinhos.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 17/05/2017
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