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EU NÃO ESTOU INDO PARA SCARBOROUGH FAIR
Você já se sentiu como o Snoopy na velha máquina de datilografia, mas com a diferença da idade no lombo? Claro que seria justo dividir a idade com as outras partes do corpo, mesmo que fosse barriga, peitos, crânio ou mãos ressecadas. Mas onde mesmo que se carrega o mundo? A mão com caneta que mora em mim, não deseja carregar nenhuma máquina sem rodinhas, e isso é fato.

E lá se vai outra bolinha de papel amassada que quase cai debaixo da cama. Até as novelas de época estão se atualizando e eu com este desejo de voltar ao papel, mas não ao papiro. Não vai dizer que nunca teve desejos ultrapassados! Quem nunca desejou fazer o tempo voltar lá atrás... nem que fosse para experimentar de novo o café das tias que descansam no céu.

Novos nomes de cidades continuam a passar pelas placas da estrada enquanto o cd dos 70 anos do Belchior toca, entornando suas alegorias. Quisera estar interessada em alguma teoria ou em algo mais, mas confesso não estar indo para Scarborough fair... Apenas reparei que as princesas e príncipes que retornam às telas são veementes em seus desejos e decisões. Nada da antiga passividade.

Um novo retrato da juventude vem sendo pintado, com sua energia e vigor. Movem montanhas, partem corações, mas não partem do princípio submisso a nenhuma tradição. É a luta pela sobrevivência do eu. Um eu que se afirma e se renova, sem desistir dos seus desejos. E assim descubro que agora o papel não vai para o chão. Obrigada, Deus, por fazerem as letras ganharem direção nesta crônica de estrada. E se você está indo para Scarborough fair, sorte sua! Poder voltar ao tempo deve ser tão bonito quanto adquirir um novo sonho.






Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 26/01/2018
Alterado em 26/01/2018
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