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Os comedores de biscoitinhos da mata
OS COMEDORES DE BISCOITINHOS DA MATA – Part One
Marília L. Paixão

Aquele era um dia muito estranho na mata. Bichos de todas as espécies trocavam informações. Os comentários iam se diversificando como uma roda de vento. Uns diziam que um sapo estava sendo urgentemente procurado pelo dono, Outros diziam que era pela dona. Outros diziam que um sapo adotado estava desaparecido. Chegaram a dizer que seu dono era um pintor. Outros disseram que era cria de uma dona escritora. Mas lá mais longe do outro lado do rio o papo era outro. Chegaram a dizer que a dona era veterinária e nome era Ana. Mas outros já disseram que essa tal de Ana era apenas uma das amigas da dona do sapo. Eram tantas conversas que os bichos maiores já estavam imaginando que o sapo desaparecido estava morto e ficavam questionando uns aos outros...  Já os bichos menores estavam ansiosos e muito se moviam para tentar encontrá-lo. Com tanta procura foram inventadas lendas a respeito do desaparecimento.
Uns diziam que provavelmente ele tinha fugido por ser maltratado. Mas havia também o boato que o tal sapo era tratado como um lorde e que alguma coisa séria poderia ter acontecido. Tipo ter perdido a memória e não encontrar o caminho de volta. A maioria dos bichos estavam comovidos. A tal dona ou dono por várias vezes gritava o nome dele até a voz morrer na garganta. Era um nome estrangeiro. Outros diziam que o dono ou dona tinha problema de dicção e eles não entendiam o tal nome direito. Mas sempre tinha um que sabia uns pedaços mais reais da história. Contaram que o sapo tinha seus talentos. Que sabia escrever algumas coisas, mas ler lia tudo! Que até o nome próprio tinha sido parte escolhido por ele. Os olhos dos bichinhos menores se arregalavam com esses detalhes. Cada vez aumentava mais o número de bichinhos querendo achar o sapinho. – como é mesmo o nome dele? – Dagger Lor. Eles repetiam o nome dele como se estivessem experimentando um biscoito novo. Um repetia para o outro para verificar se estavam dizendo certo e uma fábrica de biscoito se abria como abastecimento daquele especial momento em que os bichinhos formavam equipes de busca. Um grupo foi até a árvore da dona Surliuda. – Para quê acordá-la?
– Ela não vai saber de nada. – Nunca se sabe do que aqueles olhos vêem. -respondeu um deles. A dona Surliuda com uma aparência tão velha e tão adormecida parecia dopada. Ouviu quando lhe disseram que um sapo americano estava desaparecido e se ela o tinha visto. – O que sapo americano iria fazer no meu breu?! Ou qualquer hora por aqui. Claro que eu não vi! - respondeu a velha coruja. – Na verdade ele não é americano, só o nome. – Se tem nome americano deve ter mania de grandeza! Disse uma rã cheia de inveja aparecendo no meio da conversa. Ninguém viu de onde ela tinha pulado com seu jeito malvado. – Não! Ele não tem nada de mania de grandeza. É um sapo muito educado e fino que tem um dono fixo. Alguém defendeu. – e por acaso você o conheceu? Perguntou a rã maliciosa.
- Pessoalmente até que não, mas minhas informações são de boas fontes. -disse o ratinho com o dedinho fininho. Mas a rã voltou a implicar. Também não o conheço em pessoa, mas dizem que usa capa de superman e possui veste do spiderman e escuta música inglesa. Sem falar que o seu dono o faz ler Harry Potter quando ele acorda.
Em que mata nós estamos!!! -De onde veio tanta conversa? Já nem se pode cochilar em paz na luz do dia. Reclamou dona Surliuda. Eu não vi nenhum sapo por aqui na luz da noite e se ele usasse essas roupas da cidade eu nunca que ia esquecer. – se ele passasse por aqui ele tocaria piano para você! – dizem que ele é artista e que possui várias habilidades. -disse um outro ratinho amigo do que tinha o dedo fininho. – É tudo invenção! Dizia a rã mal amada e destituída das cores alegres da vida. Nem verde a pobrezinha era.
– Ele é um baita metido!Escreve versos pelo chão e até voar diz que já voou!
Naquele momento todos os bichinhos se entreolharam. Ninguém tinha escutado esta notícia. Seria verdade? Seria mentira? Se o tal sapo voava, encontrá-lo seria mais difícil ainda. Os bichinhos ergueram a cabeça para o céu. Inclusive dona Surliuda que muitas vezes fingia de cega e surda.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 29/08/2007
Alterado em 22/01/2011
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