Textos

FLORES DE PLÁSTICO

Algumas branquinhas enfeitam o lado direito do meu olho. Do lado esquerdo um ipad abandonado descansa perto de um velho quadro das torres gêmeas. Tudo poderia levar a algum passado morto, mas bem aqui em frente ao grande monitor o que eu vejo? Alanis Morissette cantando composições novas. Obrigada Deus!  Obrigada pela voz linda desta moça, com cabelos cortados e pronta para a vida musical. Obrigada pelo seu retorno após períodos de depressão pós parto entre outras...

Agora é sábado. Cuidei dos intestinos, mas não da pia da cozinha. Tenho uma pintura para terminar, um jornal para ler, uma mulher para acordar e nenhum passarinho para dar água. Ela vai reclamar da pia e eu direi: Você não tem roupas para lavar? Hoje uma crônica me espera, algumas palavras me inquietam... Depois sim, cuidarei das louças, das formigas que destroem as roseiras, dos canais a mais que você deseja ter na TV, dos documentos que preciso separar, dos jornais de páginas para o ar...

E a gente cansa dos telefonemas da Vivo oferecendo serviços de Fibra ótica e ela liga a TV para ouvir sobre o que nem quero ouvir. A tal da prisão... Meu cérebro quer descanso de tudo isso e poderia me refugiar perto das flores  de plástico branquinhas que comprei outro dia no litoral norte. Se elas são de plástico, meu coração, minha intuição, meu discernimento, não.

“Que Deus descanse, Deus por favor, descanse nossas almas” (Rest)
e viva Alanis!

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 07/04/2018
Alterado em 08/04/2018
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