Todo dia das mães é dia das não mães também. Sim, por termos a graça de tê-la e não a de passar pelo mesmo. Por que não só de mães felizes a terra é feita. Nem todas são abençoadas ou que Deus explique de outra forma.

Até hoje fico boquiaberta ao lembrar de Dona Zete. Ela morava quase na esquina do grande quarteirão onde moravam as crianças que eram as amigas minhas e das minhas irmãs. Ela tinha duas filhas e três filhos. Todos bonitos por natureza. Um deles morreu cedo de acidente com moto. E mais coisas ruins aconteceram com a família.

Anos e anos depois fiquei sabendo que Dona Zete tinha se jogado da ponte da cidade. Motivo: não suportava mais apanhar do filho envolvido em drogas. Não suportava mais ser roubada por ele, e nem sabemos de todas as coisas que ela suportava.

O que eu lembro, era que Dona Zete era a mãe mais jovem e mais bonita do quarteirão quando eu era criança. E eu não queria acreditar que este tinha sido o fim dela. Talvez ela esteja no paraíso agora. Talvez eu esteja também e nem estou sabendo. O paraíso das não mães satisfeitas por não serem, mas felizes com a que tem.