O certo e o errado que nem Cristo Redentor entende
O CERTO E O ERRADO QUE NEM O CRISTO REDENTOR ENTENDE
Marília L. Paixão
O mês de maio quase termina, mas não deixa desfazer-se sem lhe fazer provar de um vento sul.
Verá que nele mesmo coberto por uma camada quase imperceptível novas emoções prevalecem.
Estas não precisarão se esconder em lugar nenhum, nem mesmo por trás dos poros ou das marcas de expressão onde até os sorrisos as fazem mais marcantes. Mas é bom fazer anos! Os feitos acumulados vão se agrupando num espaço ocupado muitas vezes pela sabedoria. Os anos bons vão se reunindo lá. Com este ano a mais que foi muito melhor que qualquer outro dos recentes eu recuso o bolo de chocolate, velas e muitas pessoas. Neste ano eu quero passar o dia longe do meu dia-a-dia e vou sair da cidade. Vou para uma bem grande onde ninguém me conheça. Levarei comigo só amor, muito agasalho e muita chama. Por lá percorrerei ruas até me cansar. Por lá as ruas não me olharão e tudo isso será muito bom para os meus olhos. Estes ficarão bem à vontade a reparar todas as novidades. Lá as alamedas terão nomes diferentes e o céu não será o mesmo da janela do meu apartamento. Os bairros burgueses onde contemplarei belas casas me lembrarão o interior de New York onde as casas da classe média alta ficam expostas com seus quintais verdejantes sem cachorros por perto. Lembrar de New Rochelle me faz recordar também os parques cheios de crianças onde eu costumava levar duas. Só mesmo num filme de Inárritu uma babá imigrante teria coragem de desobedecer ordem de padrões americanos, que são tão corretos e justos. Estes são de vários tipos. Há os generosos e os mais frios. Mas procuram ser corretos seguindo seus padrões de justiça. Com a justiça, não se brinca. Não é como aqui onde parece que existe o certo, o errado e o mais ou menos. Lá a noção de certo e errado são bem distintas. Ultimamente em meu país os valores têm mudado tanto que passou a existir o certo duvidoso, o errado quase certo, e o errado aceitável. Breve não teremos mais motivo para falar mal do errado e falar do certo será como as crianças com menor desempenho falam dos alunos mais estudiosos da sala. Ainda bem que Inárritu não escolheu o Brasil para nada em nenhum de seus filmes. Tomara que nunca escolha. Sabe-se lá o que escolheria mostrar? Melhor deixar-nos quietos com nossas praias lindas e com o nosso Cristo Redentor abrindo os braços para a esperança. Tomara até que ele consiga ser uma das sete novas maravilhas do mundo. Afinal, somos um povo de muita fé. Isto nenhum governo conseguiu mudar ainda. Quanto aos nossos valores éticos e morais aos poucos eles vão conseguindo roubar todos. Cada vez mais temos propagada a imagem de um povo ladrão, corrupto, injusto, burro e pobre. Ao sermos coniventes com tudo, nossa imagem se mistura ao retrato do país no estrangeiro. Mas a fé... Não... A nossa fé... Esta ainda nos pertence. Não tiveram interesse em roubá-la ou em modificá-la como se cogita até com a imprensa, com a TV com as propagandas com os outdoors... Sem falar no aumento dos mandatos, nas prorrogações, nas reeleições... Quero mesmo um dia longe de tudo isso. Se este lugar longe, for um sonho, quero continuar sonhando.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 09/09/2007
Alterado em 09/09/2007
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.