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CASA DE MOÇAS – BVIW

Na década de 70, Fátima Guedes compôs Meninas da Cidade e se referia a meninas de “cinturas ainda finas; medir felicidade”. Parecia tão distante dos meus dias, a letra, não a poesia. 40 anos se passaram e ainda me lembrava dos sumiços de Bel. Só aparecia para trazer dinheiro para a avó ou quando adoecia. Vivia de artesanato e música, muito descolada, muito divertida.

Ao passear na capital, fiz uma procissão para descobrir seu endereço. Fantasiava como seria sua casa naquela rua estreita estranhando as placas com os escritos: Casa de família. Em uma casa de moças me disseram: - Tem ninguém aqui com este nome. Voltei em outro horário. Dei de cara com Bel em pânico. Como descobriu este endereço? – Descobrindo, uai! Disse que não podia conversar alí e que eu a encontrasse às 4h na rodoviária. Estava com cara de ressaca insone, talvez fome... eram 9 da manhã e fui embora com aquele medo de nunca mais vê-la. Ela sorriu e prometeu que ia.

Agora as novelas da Globo têm sempre mulheres que me fazem lembrá-la. Acho importante elas se fazerem presentes já que fazem parte da vida. Quanto a moça, quase morreu com um aborto mal feito, engravidou de novo, adoeceu mais vezes e para poder sustentar o filho, demorou a mudar de vida. Disseram as más línguas.

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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 07/11/2018
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