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A ESTRELA DA VIDA E O SAPO ENTUSIASMADO
A ESTRELA DA VIDA E O SAPO ENTUSIASMADO
Marília L. Paixão
   Dagger Lor estava se saindo muito bem em seu empenho de manter a estrela ao seu lado. Havia lhe falado da sua fama e das vantagens que ela teria lhe fazendo companhia. A estrela o ouvia bastante pensativa, mas muito, muito entusiasmada. Havia algo misterioso e fascinante que os unia. Dagger Lor por sua vez, mesmo discreto morria de curiosidades a respeito daquela estrela que para ele, era uma princesinha. Ainda assim ela de forma alguma perdia seu ar de autonomia. Parecia querer deixar claro que se estava ao lado dele era por uma decisão quase sábia e madura da parte dela. Dessa forma ela lhe respondeu com as seguintes palavras após a proposta que ele lhe fizera de ficarem juntos:
- Eu bem que não tenho pressa em ser famosa. Mas claro que vou gostar de conhecer seus amigos e sua dona. E caso você demore muito a encontrá-los, você pode sim ficar ao meu lado. Desde que não invada meus assentos.
Dagger Lor se moveu um pouco mais para a esquerda como se aquela questão da proximidade com o que ela chamava de assento dela, não lhe causava nenhum interesse.
- Não se preocupe estrela, eu não fico muito tempo parado em lugar nenhum. Dizendo isso ele num ziguezague mudou de postos três vezes.
A estrela acompanhou seus pulos com os olhos brilhantes. A verdade é que estava adorando seu novo amiguinho.
- Me diga uma coisa, você gostaria de pular como eu?
- Por nada neste mundo eu trocaria meu brilho por outros poderes.
- Mas eu também faço muitas outras coisas além de pular!
- É mesmo?!
- Sim.
- Coisas tipo o quê?
- Coisas tipos coisas diferentes... Nem sei o nome delas... Mas são coisas que deixam minha dona orgulhosa de mim.
- E como você sabe que ela fica orgulhosa? - Ela escreve para as outras pessoas e as pessoas gostam. Ela escreve sobre mim.
- E o que ela escreve? Se Dagger era o sapo mais discreto que havia, aquela estrela não pensava um segundo antes de lhe encher de perguntas. E agora já fazia tempo que ela só perguntava coisas difíceis para o pobre sapo responder.
- Ela diz que escreve sobre o meu jeito de ser.
- Mas é comum escrever sobre sapos...   Disse a estrela sem muito entender. Começou a pensar que aquele sapo era um fanfarrão.
- Mas ela escreve sobre as coisas que eu faço, eu acho.
- Você não tem certeza?!
- Não... como também nem seu nome eu sei ainda! Não vai me falar?
- Eu não tenho um nome... assim..um nome como você tem...meu nome é apenas estrela. Mamãe disse que eu era a estrela da vida dela e que eu teria fama.
- Você deve ser a estrela da vida de todas as pessoas e breve terá fama! Você vai ver! Para começar você já tem a mim e uma pedra.
- Pedra!!!
- Que pedra? Você sabe da minha pedra?  Ela esticou-se toda de um lado para o outro procurando avistar a pedra, mas nada viu, a não ser seu amigo verde lhe seguindo todas as pontas dos seus bracinhos e pernas.
- Sua pedra caiu e rolou um pouco longe daqui, mas eu a segui. Sei onde ela está.
- Preciso recuperá-la.  Aquela pedra é minha melhor amiga.
- Eu te levo até onde ela está.
A estrela esticou seus olhinhos brilhantes pela estrada vermelha de poeira e se entristeceu. De forma alguma poderia expor-se àquela quantidade de pó. Ainda mais na presença daquele sapo famoso. Ele certamente nem mais olharia para ela caso ela se cobrisse de pó. Também não gostaria de revelar suas fraquezas para ele. Principalmente ele que se comportava como se fosse o lorde da mata. Ficou brilhando , brilhando, pensando no que lhe dizer. Mas por sua sorte ele mesmo veio com a solução.
- Ou você prefere que eu vá sozinho buscá-la? Você deve estar cansada.
- Até que não estou muito cansada, mas estou com uma leve dorzinha em uma das minhas pontas.
- Qual delas?
- Essa aqui. Ela disse baixinho mostrando sua pontinha que naquele momento, menos brilho tinha. Dagger Lor sentiu vontade de tocar naquela pontinha da estrela, mas não tocou.
- Então você me espera aqui?!
- Espero.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 16/09/2007
Alterado em 22/01/2011
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