A DANÇARINA QUE CANTAVA - BVIW
Há problemas que se arrastam feito cobra atravessando a fronteira de um ano para o outro. Ainda assim, a mente vislumbra uma vida melhor não importa se com mais ou menos dinheiro no bolso. Porque chega o dia em que nada disso importa. Ter ou não ter, ser ou não ser, estar ou não estar... tudo é temporário como uma teia de aranha daquelas bem fininhas. De repente pode se romper como a casa de palha dos três porquinhos. E o sopro levou é menos bonito que o vento. Talvez seja por isso que iniciei o primeiro dia do ano dançando e cantando. Dançando sozinha sem chuva enquanto outros corações dormiam. Primeiro eu precisei fazer de conta que sabia dançar e dancei como quem dança para se salvar da falta de poesia, não de amor. Depositei nesta dança todos os meus desejos. E para que a alegria os acompanhassem, cantei tudo que sabia. A dança que se realizava perdia o abstrato vazio da solidão e se transformava em encantamento. Dali em diante, felicidade era a moça que dançava sem ser princesa. Alegria era a mulher que dançava sem ser dançarina. Estava criada a felicidade do mais alto pé de infortúnio. Ela se sentia vitoriosa por saber que ninguém e nada conseguiria estragar aquele momento. O primeiro dia seria de amor próprio e disposição para novos desafios. Estava energizada sem medo de Power off. Forever on. Sabia que podia cantar para todos os instantes que existem sem temer vencê-los dia após dia.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 08/01/2020
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