JÁ QUE É PARA DORMIR
Dormem os homens
Dormem os anjos bebês que alimentam o mundo de ternura
Dormem as moças que choram
Dormem as senhoras caricaturadas de felicidade nunca plena
Certamente dormem as planícies onde a neve já caiu secou e rolou
Não saberia precisar quantos novaiorquinos morrem,
Quantos têm pesadelos
Quantos são brasileiros
Nem por aqui sei a precisão do vento
Mas sei que choram mulheres pelo peso da vida
Pela incerteza, pelas veredas
E nem importa o tanto de beleza que as enfeitam
Choram também por elas, pelas linhas descabidas pelas faces
Choram mais que dormem essas mulheres tão fortes
Todas elas que carregam tristes fardos incluindo os da inteligência
Que o desassossego delas são maiores
Dormem os meninos, dormem as meninas
Dormem os compositores, os atores e as atrizes
Dormem os contadores e os economistas
Não dormem os escritores enquanto não expõem história à vista