A SÓS COM O TEMPO - BVIW
Este que não para e para. Parece parado, mas o calendário muda. E mudado está para as moças que oferecem serviço pela internet. Escritores poderiam estar escrevendo mais e, no entanto, nem tanto. Cantores fazem live enquanto ufanistas se agrupam rua afora. Há uma desordem natural das coisas, como se entre o silêncio das máscaras houvesse um grito de morte se espalhando fora de um filme.
Este não é um tempo majestoso. Parece mais o tempo de uma manteigueira vazia, de um copo de requeijão sem o pão fresco para ser passado. Por hora posso escrever, ler ou até ousar pintar o vento. E o livro que eu estava lendo falava muito de porre literário. Que num momento de tristeza ou incertezas, nada como três, seis, uma dúzia de livros.
Voltando ao dia, as horas vão passando de acordo com a fome biológica. Deu fome? Deve ser hora de almoço. Fome outra vez? Hora do café da tarde...Deu branco? Veja a data no jornal - Você já se sentiu a sós com o tempo? Ele lhe conta histórias? Ri da sua desgraça, mas aponta o dedo para o futuro? Você anda sem tempo para se sentir feia ou faz tempo para pequenas futilidades? Numa destas madrugadas postei um poema. Às vezes sinto que poetar é uma das formas de não se afogar em um rio. Deve ser essa a hora em que o tempo ri da gente.
https://www.recantodasletras.com.br/poesias/6911036
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 14/04/2020
Alterado em 14/04/2020
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