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JOÃO E MARIA NÃO FORAM A BRASÍLIA - BVIW




Admiro os gramaticistas bem humorados que explicam as partes complicadas da nossa língua dizendo que nela há vários casos de amor, como o da preposição a pelo artigo a que casados viraram à. É engraçado aprender assim, mas ninguém consegue desculpar o verdadeiro auê que a crase causa. Se fosse só este simples casamentinho seria bom demais. Mas vai lá estudar os detalhes e verá que a crase pode ser mais dissimulada e ambígua que meia dúzia de Capitus.

Veja bem, que se João e Maria forem passar a lua de mel na Paraíba, eles vão com a crase; mas se eles forem para Brasília, vão sem a crase. E o macete para descobrir quando usa ou não usa, depende de como voltam. Se forem para os quintos dos infernos nem voltam.

Bom saber é que este conto não se resumirá ao auê de crase alguma e João e Maria nem vão se casar. Vão desistir assim como muitos desistem de saber tudo sobre o correto uso desta danada. Imagine que frente a frente ao padre jurariam amor sem crase para todo o sempre, e Maria tão moderninha perto dos pensamentos antigos de João, sorriria. Não é estratégia da autora querer acabar com o romance no meio do conto, caro leitor! Apenas uma leve intuição.

- Larga mão de querer casar, João!
- Sê besta, Maria! Se eu não caso, vem o Adalberto e te leva na conversa. A gente casa, tem logo um filho e quero ver ele se atrever contigo!

Na noite seguinte Maria largou mão de João e fugiu para Brasília com o “Berto”. Se de lá fosse voltar, com crase ou sem crase não tava nem aí, com filho é que não seria.
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Marília L Paixão
 
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 03/11/2020
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