AGRADECER AO VENTO - BVIW
Eu poderia transformar uma crônica em poesia, ou enfeitá-la com florzinhas, facilmente substituídas por adesivos ou figurinhas de WhatsApp. O que tentamos enfeitar é o cotidiano. Ninguém sabe se por trás há uma cabeça estourando, um estômago queimando, um coração frágil,um braço longe demais do paraíso de um abraço.
Virtualmente é possível desejar o bem sem ter que atravessar nenhuma porta. Já no mundo real elas estão se fechando. Pandemia à parte, quem deixou este mundo tão polarizado? Não foi Deus quem fez o homem assim e os abusos da inteligência tecnológica tem contribuido. Não dá para contar histórias de jardim mágico, enquanto reabertas estão as cavernas e velhos porões de mentes que não possibilitam a diversidade da existência ou das fantasias.
Aquele conselho de não conversar com estranhos está atualizado. Ele se aproxima por causas políticas e quer saber se será seu inimigo oculto ou declarado. Portanto, aproveite as pessoas que lhe amam de fato, que não lhe fazem ameaças, que não destroem seus ninhos. Agradeça este amor. Agradeça as pequenas gentilezas presenciais, quase em extinção. Agradeça inclusive ao vento que despenteia o cabelo, assalta as tristezas e lhe lembra que sorrir não substitui um copo d’água, mas faz bem. E mesmo se sorrir não for possível, agradeça.