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A BIROSCA DA VIDA - BVIW

A BIROSCA DA VIDA - BVIW

Estou voltando da chuva que não caiu, dos pés que não pintei, da tristeza onde não havia rima e abandonei. Estou voltando ao disco arranhado, onde os problemas eram mais simples e mais normais com a suposta pureza dos padres pelas catedrais.

- Jeovidia, para de escrever cartas que isto não existe mais. - Não estou escrevendo carta. Estou dramatizando a alma. - E precisa fazer poesia com isso? - O que mais posso fazer quando volto ao que não dá para entender? Toda essa agonia causada pelos likes ou não likes. Pessoas que possuem muito mais por fora e menos por dentro, muito mais recursos artificiais e menos atentos. Mãos se distanciam de outras mãos e aparelhos lhe roubam a visão, o contato. Estamos acompanhados de quem de fato?
- Mas isso aí já é filosofia. Volta para a carta se não vê terra à vista.

Volto! Volto para as ondas onde os cachos dos cabelos nadavam. O sorriso cantava e quando gargalhava a minha irmã, contagiava o mundo sem nada exigir em troca. A vida podia ser uma birosca, que por mais que rodopiasse sabíamos o rumo da volta. Cada um sabendo das respostas sobre sua história. O que hoje temos é muito mais contatos sem nada certo saber. Adoecemos todos sem perceber. Dormimos uns e acordamos outros. Viajamos por Séries que hipnotizam mais que encantam. E quando encantados, nos distanciamos da nostalgia. Na verdade o que mais se realiza é a busca analgésica para males desconhecidos. Nos olham como se o mal maior fosse de estarmos vivos.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 22/12/2020
Alterado em 22/12/2020
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