O Catador de ferro, frio. - BVIW
Sabia que eram seis horas pq o catador de ferro velho vinha. Se abrisse a janela assistiria seu lento arrastar do pesado carrinho de rodas pequeninas. E quase que automaticamente foi o que fez. Ele lá com a cara endurecida, meio escondida debaixo do chapéu. Mas lá no carrinho... não tava acreditando no que via. Quis gritar o catador, mas estava de camisola. Fechou a janela, vestiu-se correndo, correu lá fora, mas já tinha sumido. Voltou lá dentro, pegou a chave do carro e o achou.
- Moço! Moço! Epere aí .
- Onde encontrou este ferro de passar roupa?! Este ferro é meu! Deve ter sido levado por engano.
- Ah filha! Você fez boletim de ocorrência?
- Não! Eu custei a dar falta dele. É que achei uma fotografia da minha bisa passando roupa e lembrei que tinha ficado com ele de lembrança e fui procurar e cadê?!
- Essa relíquia agora é minha, filha, mas podemos negociar. Ou a senhora me faz uma boa oferta, ou fica só com a fotografia.
A boa oferta levou o que tinha na carteira. Por mais que puta da vida, ele não deixou barato. Agora era a hora de guardar o ferro a sete chaves. Uma contra a desonestidade, outra contra a hipocrisia, as outras contra tudo que Deus não queria.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 11/05/2021
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