Era um dia comum destes que temos algo para fazer no centro. Enquanto atravessava a rua nem tão cheia de pessoas, embora isso já tenha sido anos atrás, quando a pandemia ou saberes arcaicos ainda não tinha contaminado o ar, o céu e o sol que nos assistia. Meu olhar havia avistado uma freira dirigindo um Jipe. Parecia que nada mais espetacular existia no mundo depois daquela cena. Duas freiras conversando no carro. Enquanto uma mudava a marcha, a outra sorria no assento ao lado olhando a rua. Eu passei a sorrir também. Aquela cena era de alegrar qualquer um, até mesmo minha boba inspiração que acompanhou o carro até ele virar lá longe numa esquina. Dentro do meu conhecimento limitado de vida de freiras, aquela cena não constava. Seria cena de filme? Eu nem sabia se o mais especial era elas estarem num Jipe, ou estarem sorrindo. Tantos anos se foram depois deste episódio. Quantos ciclones, furacões, terremotos, inundações, catarros cuspidos das bocas dos homens... quantas vidas perdidas no mundo inteiro e eis que chega em minhas mãos pelo celular essa foto tirada na França. Senti-me tomada pela mesma emoção ao ver as freiras sorrindo, de quando vi a freira dirigindo. Então, o que nos encanta, acorda nossa dose de felicidade instantânea. Muito obrigada, freiras!
Marília L Paixão