A filha perdida- BVIW
Gosto de novelas que abraçam roteiros próximos ao cotidiano. Gosto de personagens que poderiam dar vida a romances. Gosto de entender o porquê da novela Amor de mãe, ter sido escolhida como a melhor do ano 21. Transbordava emoção. Este era o segredo. Talvez o contrário ocorra em Um lugar ao sol, que melhor seria um lugar para a tristeza, já que ali, os personagens infelizes se encontram em suas complexidades e instâncias. Não há descanso algum para o telespectador. A gente se prepara para assistir pensando: o que de ruim acontecerá hoje e com quem?! Bem, mas 2022 está no ar e a Netflix traz uma obra literária com o nome A Filha Perdida. Você imagina mais um drama de mãe inconsolada e acaba por assistir um mal estar da negligência materna. Tudo que não se espera de amor de mãe, você tem ali aos poucos de forma penosa. Era pra ser diferente. O thriller psicólogico é intenso e os flashbacks com as filhas nos dá pena das crianças e tb da mãe. O retrato da enorme perda vai se desenhando enquanto a realidade nos choca. Uma frieza cruel demais para pessoas com sensibilidade como a minha. Seria o livro diferente? Que tanto a literatura deve ser fiel a história que conta? A que zona de conforto pertence nosso idealismo? Que tanto nos incomoda o acesso ao avesso dos sonhos? O certo é que enquanto a autora Manuela Dias afagou estes sonhos com Amor de mãe. A autora de A filha perdida, Elena Ferrante, faz o contrário. Um contrário que de uma forma ou de outra tb se reflete em algumas personagens de Um lugar ao sol. E aí a gente entende o que devia ser diferente, tanto na vida, quanto no entretenimento.