Lino vivia sem tempo para o amor, ou novos atrasos. Poderia contar que amara uma vez inexata, mal correspondida, sem troca de telefone ou bye. Com o tempo percebera que não se importava com atrasos do coração. Preocupava mais com a velocidade do computador, do carro e da mídia. Até que encontrou Cíntia.
Era uma nerd da escola desinteressante aos olhos de uma minoria que adorava zoar; já ele, não tivera tempo nem para avaliar os looks desapropriados. Perdera as noites onde a turma embebedava de quinta à sábado.
- Nossa! Será que era ele mesmo?! Pelo menos aprendera a se vestir melhor e a pentear os cabelos. – Avelino Silvano? – Sim! E você é a... – Cíntia, mas nos conhecemos só de vista. Sei seu nome “da chamada”. – Essa é nossa primeira conversa! E soltou uma gargalhada. Lino até pensava que nerds não riam.
– Eu era meio ausente – Bem reservado! Atrasado para provas, apresentações; eventos não existia para você. - Lino reparou na fina flor do vestido que ela usava e ao fitar-lhe os olhos enxergou a bela mulher.
- Avelino Silvano, você está me olhando com oito anos de atraso. Os dois riram. – Me chame de Lino. Avelino é só no trabalho. Você pertence ao meu tempo de estudo. – Vamos nos conhecer! Chega de atraso, não é mesmo?! Cintia também não se sentia viva naquele tempo, mas da boca dela ele nunca iria saber. Agora ela era uma mulher em seu tempo.
MLP