Januário demorou pra ser pai. A mulher ficava prenha mas não vingava, até que veio a terceira vez. Recomendado pelo doutô, passou a deixar Telma em casa ao invés dela ir ajudá-lo na plantação. Deu certo! - Você vai vim pra este mundo! Dizia-lhe Telma alisando o ventre. Ele veio. A vida com Raulzinho era de grande satisfação. Desde cedo ia junto com a família aprender da lida. Veio o tempo de ir para escola, mas que escola o quê?! Escola era a vida quem dava. Não era assim que sempre vivera? Pensava Januário.
- Este menino tá ficando triste. Temos que deixar ele ir como vão os amiguinhos. Telma, falava sério e Januário só ouvia.
- Pai, eu não quero só a escola da vida, quero a da meninada também.
Januário não teve como não ceder. O moleque era mesmo sabido. Arrumaram ele para ir. Voltou da escola todo animado com sorriso brilhante e até com mãos sujas de azul caneta. Para compensar o tempo perdido, Januário e Telma foram a cidade comprar coisas da lista dada pela professora. Gastaram muito mais que os números de todos os seus sapatos juntos. A escola da meninada era cara, mas ouvia o menino dizer que doutô era o que ele seria. Achava graça naquela impossibilidade, mas ouvir todos os casos que ele trazia da escola muito o divertia.
Januário nem sabia que em sua escola da vida faltara a fantasia e outras perspectivas do viver. Era bom toda aquela novidade vinda do estado de deslumbramento do filho. Telma passou a se emocionar à toa. Dizia que era coisa das novas alegrias.
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Para o tema: Escola da vida.