Escrevo faz tempo e o tempo não me faz. É essa coisa doida de se correr o bicho pega, se ficar o bicho come; no entanto, para nós mortais de sapiência média, tudo está cada vez menos previsível. Até outro dia, ondas de calor eram coisas das mulheres na menopausa. Agora pode ser efeito de radiações invisíveis em qualquer idade ou gênero. Um celular por exemplo pode lhe causar lesões e você nunca deve usá-lo enquanto estiver carregando a bateria. Então, em meio a todos os efeitos para o bem e para o mal das novas tecnologias, tirar momentos para desconectar-se, fitar a natureza ou ver pessoas de perto, pode fazer bem. Mas será que o mundo desconecta-se de você?! Veja bem como a passagem do tempo foi cruel nestes períodos de máscaras e sem máscaras. Nem todos gostam do que sobrou. Nem todos os sorrisos estão correndo para as milhares de clínicas odontológicas que tèm sido abertas. Nem todos os olhares têm corrido para os oftalmologistas. Há os que estão mais vivos e há os que estão mais cegos sem perceber. Eu tento pegar o bonde da prudência e tento até me manter calada por saber que a luta é em prol da saúde e da sobrevivência, mas sabendo que a coisa está mais sombria que ensolarada, não tenho como não descansar a caneta da poesia. E o que nos resta diante nossas perdas enquanto se correr o bicho pega e se ficar o bicho come? Nos resta preparar para a caminhada.
Marília L Paixão